A sigla GPT (Generative Pre-trained Transformer) ficou conhecida pelo público depois do lançamento do ChatGPT, que volta para o auge das discussões de Inteligência Artificial (IA) após o recente lançamento da versão GPT-4. A verdade é que o GPT já era usado em diferentes níveis e segmentos antes de sua fama. O interesse internacional que tomou conta da mídia começou com o modelo 3 do chatbot, que teve todas as suas funcionalidades extraídas do GPT e faz muito mais do que apenas conversar. Ele apresenta, inclusive, especializações como escrever linhas de código.
A plataforma segue fazendo barulho e incomodando. O desempenho a nível humano — por exemplo, passar em exames e provas profissionais e acadêmicas — chama ainda mais atenção. Em um simulado do órgão equivalente à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nos Estados Unidos, a ferramenta pontuou entre os 10% melhores candidatos da prova. Ademais, ela já foi proibida na Itália e o Elon Musk pediu uma pausa no desenvolvimento de IAs (parece que ele vai criar uma concorrente).
O GPT-4 vem com alguns aprimoramentos. As conversas vão além e podem ser criadas a partir de imagens, assim como é possível desenhar um site no papel e a plataforma escrever o código-fonte. O sistema tem inteligência suficiente para resumir o enredo de Cinderela em uma única frase, na qual cada palavra deve começar com a próxima letra do alfabeto de A a Z, sem repetir nenhuma letra; explicar um meme; ou até mesmo ler a foto de uma pergunta em uma prova e gerar a solução para ela — daí vem a possibilidade dessa IA acertar um número alto de questões na prova da “OAB americana”.
Com o código-fonte aberto até então, muitas pessoas testaram ao extremo a capacidade de a ferramenta sobreviver aos diversos tipos de ataques, interesses ou até mesmo provocações; e também de lidar com temas sensíveis e fake news. Com toda a fama que o ChatGPT ganhou na internet, a nova versão se atentou a esse problema da interface com humanos.
A equipe de desenvolvimento dedicou bastante esforço para deixar o GPT-4 ainda mais esperto para aprender a lidar com situações relacionadas a temas sensíveis ou conversas proibidas. Os resultados foram promissores. No lançamento, a OpenAI, desenvolvedora da tecnologia, fez questão de deixar claro que o GPT-4 tem muito espaço para melhorias, que o sistema ainda é falho e, às vezes, até cria alucinações sobre a realidade. Por isso, os votos de atenção e cuidado no uso continuam valendo.
A opção por fechar o código do GPT-4, ao invés de torná-lo aberto como nas versões anteriores, gerou motivo para acusações de que a empresa está traindo sua missão original de criar e garantir o uso seguro e benéfico da inteligência artificial para todos. Alguns críticos argumentam que a OpenAI está se tornando mais secreta e voltada para o lucro, e que está limitando o acesso à tecnologia a alguns parceiros e clientes privilegiados.
Há quem defenda a decisão da OpenAI, por outro lado, como um passo necessário para prevenir o mau uso e abuso de sua poderosa tecnologia. A empresa aponta que tem sido transparente sobre suas pesquisas e desafios e que tomou medidas para garantir segurança e alinhamento, como incorporar feedback humano, testar vieses e criar parcerias com organizações éticas.
Agora qual será o próximo lançamento da OpenAI? O que podemos esperar?
Não há nenhum anúncio oficial, mas algumas fontes especulam que a empresa está trabalhando em um novo modelo chamado GPT-5, que pode ser ainda mais poderoso e multimodal do que o GPT-4. Os rumores sobre os recursos do GPT-5 apontam que ele poderia aceitar entradas de áudio e vídeo, bem como entradas de texto e imagem, além de produzir saídas de texto e outras modalidades, como fala ou animação. Também haveria a possibilidade de realizar tarefas complexas de raciocínio e resolução de problemas em vários domínios e idiomas; de interagir com os usuários de forma mais natural e envolvente, usando emoções, humor, personalidade e empatia; e de aprender com seus próprios erros e feedbacks, melhorando seu desempenho ao longo do tempo.
Essas são apenas especulações baseadas em algumas dicas de pesquisadores da OpenAI e documentos vazados. Não há confirmação oficial ou cronograma para o GPT-5. Portanto, é possível que a desenvolvedora surpreenda o mercado com algo completamente diferente ou inesperado no seu próximo lançamento.
Por Marcelo Bissuh, CTO do TC, plataforma social para investidores com educação financeira, análise de dados e inteligência de mercado