Colunistas

Trader de milhas: entenda como usar milhagem como investimento alternativo

aviao
aviao

Especialista Rodrigo Góes explica sobre esse investimento alternativo, que oferece baixo risco e um retorno em até 60 dias

Seja pela crise financeira causada pelo coronavírus, o aumento da inflação e até o desemprego, o fato é que o brasileiro está cada vez mais interessado em investimentos que possam oferecer uma nova fonte de renda familiar. Não à toa, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o universo dos investidores individuais chegou a quase 4 milhões de CPFs no Brasil, em 2021. Mas além dos investimentos tradicionais na bolsa de valores e com as famosas criptomoedas, uma nova modalidade ganha cada vez mais espaço entre os brasileiros: o trader de milhas. Para o educador financeiro em milhas aéreas e cartão de crédito, Rodrigo Góes, a milhagem oferece um bom custo x benefício para quem está começando e precisa de liquidez.

“Neste caso, o conceito é parecido com o do mercado financeiro, mas o risco e o investimento são baixos e o retorno pode acontecer em até 60 dias”, explica o sócio fundador da Fábrica de Milhas, empresa especializada em treinamentos para acúmulo de milhas.

Na prática, o trader de milhas fica atento às oportunidades dos programas de fidelidade para conseguir milheiros mais atraentes e que gerem lucro na compra e venda. A atuação é semelhante aos traders do mercado financeiro, que atuam na bolsa de valores. Além disso, quem se interessa pela atividade como uma 2ª fonte de renda, estuda as informações que o mundo das milhas oferece, além das já usadas tradicionalmente, para repasse de passagens aéreas para uso pessoal. Muitos, inclusive, chegam a criar agências independentes de viagens para emitir passagens para amigos, familiares e terceiros ou até por meio de vendas em grandes sites como MaxMilhas e HotMilhas, transformando assim suas milhas em dinheiro.

Para Rodrigo Góes, o primeiro passo para quem quer atuar neste mercado é fazer os cadastros nos programas de fidelidade, estudar as regras de cada um deles e entender as oportunidades que existem dentro do mundo das milhas.

“Não é simplesmente comprar e vender. Existe toda uma lógica por trás para aproveitar da melhor forma os programas de fidelidade. Tem muita gente que entra nesse mundo pensando em usar as milhas para viajar e acaba descobrindo que é possível virar um investidor de milhas, comprando bem e vendendo, obtendo lucro e gerando renda extra para a família”, explica Góes. 

Para começar a ter uma renda extra com milhas, a pessoa precisa ficar atenta ao preço do milheiro que costuma flutuar. Atualmente, ele oscila entre R$ 19,50 (Smiles), R$ 24,00 (Tudo Azul) e R$ 28,00 (Latam Pass), para quem negocia na internet. Já no particular, o preço costuma ser maior, sendo mais vantajoso para quem vende.

”Programas de pontos como Livelo e Esfera, oferecem ofertas quase todos os meses com boas oportunidades para migrar os pontos para as milhas dos programas de fidelidade das companhias aéreas”, conta ele.

Em contrapartida a esse mercado em ascensão, vale lembrar que o Brasil não é um país que investe na educação financeira, o que dificulta na organização das contas e, consequentemente na transferência dos gastos mensais por milhagens.

“Para o cidadão que não atua na área financeira diretamente, muitas vezes não é fácil ter controle sobre seu orçamento doméstico, por isso a gente acaba ensinando também um pouco de educação financeira e controle de gastos, para que aquela pessoa gaste o seu dinheiro de uma maneira controlada e que, ao mesmo tempo, gere milha e renda”, acrescenta Rodrigo.

É o caso da fotógrafa Maria Eduarda Medina, 33 anos, mãe de uma menina de 2,6 anos. A paulistana já acumulou mais de 8 milhões de milhas, em apenas dois anos. Atualmente, ela também conta com uma renda extra média de R$ 4 mil com a atividade de milhagem.

“Por ser autônoma, eu tinha programado uma licença maternidade de 6 meses. Daí veio a pandemia e tudo mudou. Eu precisava de uma renda extra que não me tomasse muito tempo, porque eu tinha muitos afazeres domésticos e com a bebê. Fiz o curso para aprender sobre o universo das milhas e me apaixonei pelo assunto. Em quatro meses, eu já tinha acumulado 1 milhão de milhas”, comenta.

De lá para cá, Maria Eduarda gasta em média 4 horas por mês para administrar suas próprias milhas e já aprendeu até a investir o dinheiro extra que ganhou até o momento com a atividade.

Por Rodrigo Góes, especialista em milhas aéreas e em cartão de crédito e fundou a Fábrica de Milhas em 2019 – empresa especializada em treinamentos para acúmulo de milhas.