Continua após o anúncio
- Banco Central intervém no mercado cambial devido ao aumento do dólar.
- Motivos incluem expectativas de cortes nas taxas de juros nos EUA.
- Medidas incluem leilões para garantir oferta de dólares.
- Expectativa é de dólar estável a curto prazo, mas com tendência de alta.
- Possíveis novas intervenções do Banco Central no futuro.
- Leilão adicional de swap cambial tradicional para atender demanda de resgate de títulos NTN-A3.
- Vencimento desses títulos pode alimentar alta do dólar devido à necessidade de compra de moeda estrangeira.
Com uma alta acumulada de 4,2% no ano, o Banco Central do Brasil anunciou que vai promover intervenção no mercado cambial, sendo esta a primeira interferência durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta terça-feira (2), o dólar atingiu a maior cotação dos últimos seis meses. Com a cotação média do ano em R$ 4,9522, o dólar abriu o ano cotado a R$ 4,915 e fechou ontem a R$ 5,058, o maior valor desde 19 de outubro.
Os principais motivos por trás dessa intervenção estão relacionados aos juros americanos. Recentemente, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, anunciou que fará três cortes nas taxas de juros do país este ano, embora sem especificar o momento exato.
Parte do mercado sugere que esses cortes ocorram apenas no segundo semestre, adiando as expectativas anteriores, que apontavam para maio ou junho. No entanto, a robustez da economia americana e a persistência da inflação forte podem atrasar esses cortes, afetando a cotação de praticamente todas as moedas emergentes.
Diante da demora na redução dos juros nos EUA, o capital de investidores de todo o mundo tende a permanecer aplicado no Tesouro americano. Como resultado, o Banco Central do Brasil realiza diversos leilões ao longo desta terça-feira (2), correspondentes à venda de dólares no mercado futuro, totalizando um valor equivalente a US$ 1 bilhão. Essa medida visa garantir oferta para atender ao aumento da demanda pela moeda, contribuindo para conter um pouco a alta do dólar. Vale ressaltar que no ano anterior, o BC não promoveu leilões de dólares no mercado.
Essa intervenção temporária do Banco Central tem como efeito imediato a estabilização do dólar, e em alguns casos, até mesmo uma leve queda em sua cotação. No entanto, a expectativa é que a moeda permaneça estável por algum tempo. Até a tarde de hoje,, o dólar apresenta estabilidade, com uma leve queda de 0,07%.
Apesar das medidas do Banco Central, a expectativa do mercado é de que o dólar continue sua trajetória de valorização. Alguns analistas, apostam que o dólar encerrará o ano em torno de R$ 5,30.
Como reagiu o mercado
Os participantes do mercado reagem de forma mista ao anúncio do leilão extraordinário no mercado cambial pelo Banco Central, com alguns analistas minimizando a atuação e outros questionando a intenção manifestada pela autarquia de apenas suprir uma demanda pontual. Essa intervenção ocorre após um aumento significativo do dólar em relação ao real.
Operadores consideram a possibilidade de o Banco Central realizar novas operações semelhantes nos próximos dias.
O BC anunciou na noite de segunda-feira que fará nesta sessão um leilão adicional de swap cambial tradicional, no valor de 1 bilhão de dólares, para atender parte da demanda gerada pelo resgate do título NTN-A3, atrelado ao câmbio, previsto para 15 de abril. Essa será a primeira intervenção sem fins de rolagem da autarquia no mercado de câmbio desde o final de 2022.
Os detentores das NTN-A3s no Brasil, ao longo dos anos, carregaram posições vendidas em dólar para cobrir a exposição a estes títulos, de forma que, com o vencimento dos papéis, é preciso encerrar essas posições — o que é feito por meio da compra de dólares, com potencial de alimentar a alta da moeda norte-americana.
Em 15 de abril, uma segunda-feira, estão programados para vencer um total de 18,534 bilhões de reais em NTN-A3s que foram negociadas em 1997. Em valores atuais, os papeis equivalem a cerca de 3,6 a 3,7 bilhões de dólares, de acordo com participantes do mercado.
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