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Para Aline Soaper, famílias precisam ter cautela com parcelamento de bens e serviços
Seja pela alta da inflação, que reduziu o poder de compra dos brasileiros, ou pelo desemprego, o fato é que as famílias brasileiras nunca estiveram tão endividadas como agora. Cenário que é corroborado pelos dados recentes da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que aponta que o endividamento das famílias brasileiras, no mês de abril, foi de 77,7%. Diante desse panorama, o parcelamento de bens e serviços tem se mostrado uma alternativa para fazer a conta fechar no fim do mês ou para quem teve algum imprevisto. Contudo, a educadora financeira Aline Soaper alerta que com alta dos juros, é preciso cautela na hora de fazer uma dívida a longo prazo. Isso porque a Selic subiu para 12,75% neste mês de maio, taxa de juros que, no ano passado, esteve em 3,5%, no mesmo período. A expectativa do mercado financeiro é que o Banco Central, em junho informe uma alta de 0,5%, e após isso a taxa fique estável até o final do ano.
“Com juros altos, o cuidado para não se endividar é ainda maior. Contrair dívidas de parcelamentos, seja em boletos ou cartão de crédito, pode ter um efeito bola de neve. O ideal é manter as contas em dia e evitar novas compras a prazo. Se você tem um bom controle financeiro, pode tentar arriscar-se no parcelamento sem juros, usando dinheiro que tenha guardado investido, para ir pagando as parcelas. Mas não podemos esquecer que imprevistos podem acontecer, e você pode ter que usar aquele dinheiro investido para alguma necessidade de última hora. Por isso, a orientação é evitar parcelamentos a longo prazo, principalmente de bens de consumo que podem ser pagos à vista”
Explica a educadora financeira à frente do Instituto Soaper, responsável pela formação e capacitação de mais de 6 mil brasileiros em todo país.
Ainda segundo Soaper, o ideal é tentar planejar a compra de produtos ou a contratação de serviços. “Vivemos em uma “cultura” de consumo imediato, onde precisamos adquirir itens ou serviços naquele momento e para isso, acabamos recorrendo ao pagamento a prazo”
Acrescenta Aline.
Não à toa, um levantamento da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra exatamente esse cenário. Os dados divulgados no final de 2021 revelam que entre os itens mais adquiridos, em compras a prazo, estão os eletrodomésticos (60%) e artigos de vestuário (52%). Além disso, a pesquisa também revelou que aproximadamente 62,3 milhões de brasileiros tinham contas parceladas.
“Se programar é fundamental nesses tempos de juros altos. Exemplificando: se você tem dinheiro para comprar um sapato, compre apenas um. Ao invés de comprar mais itens e acabar caindo em um parcelamento. Outra estratégia é negociar descontos à vista. Se você receber 2% de desconto, já é o dobro do que a maioria dos investimentos rendem em um mês. Além disso, é 10 vezes menos do que os juros que as operadoras de cartão de crédito vão cobrar, se o pagamento estiver atrasado”
Alerta Aline Soaper.
A educadora financeira também destaca que os consumidores devem ficar atentos com parcelamentos muito longos, por ser um grande risco de perda de controle financeiro e de acúmulo de dívidas feitas a prazo.
“Você pode comprometer uma grande parte dos seus recursos com parcelas acumuladas, perder a qualidade de vida da família e acabar entrando em um ciclo de endividamento. Mesmo que o parcelamento seja sem juros, não se engane, ele está incluído no valor das parcelas. Lembre-se que todo dinheiro tem um custo e atualmente esse custo está mais caro”
Ressalta.
Mas afinal, existem benefícios no parcelamento?
“Em alguns casos, sim, como o uso do crédito para começar o próprio negócio ou fazer uma capacitação profissional. Nessas situações, o parcelamento será necessário para gerar aumento de renda. Contudo, em momentos de juros altos, quem tem dinheiro ganha mais e quem usa empréstimo paga mais caro. O ideal é preparar-se para aumentar sua renda e estar ao lado de quem investe para ganhar mais com a alta dos juros e não para se endividar mais”
Esclarece a educadora financeira Alien Soaper.
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