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Em novembro de 2019, o petróleo tinha uma cotação de aproximadamente 65 dólares por barril. Três meses depois (fevereiro de 2020), sua cotação caiu para 20 dólares por barril.
O desaquecimento econômico causado pela pandemia fez com que os estoques de petróleo se elevassem significativamente.
Com isso, os produtores estavam gastando muito dinheiro para estocar o produto, pois o mercado não tinha demanda. Em fevereiro de 2022, vinte e quatro meses após a baixa na cotação, o petróleo está sendo cotado a 95 dólares por barril, 375% de aumento em 2 anos.
Os números do chão (20 dólares) e do atual teto (95 dólares) são valores impressionantes. Dificilmente um produtor de petróleo consegue manter seu negócio, vendendo o barril a 20 dólares: só o custo de extração da Petrobras (PETR4) está entre 6 e 8 dólares por barril.
E dificilmente um país não vai sofrer com a inflação com o petróleo sendo negociado a 95 dólares, pois o mundo tem uma dependência energética muito grande da fonte energética, que é combustível para o transporte, para geração de energia e fonte de matéria-prima para inúmeros produtos.
As explicações da cotação saltar de 20 para 95 dólares são diversas, dentre elas está o fato de a demanda pelo combustível fóssil ter crescido mais rápido do que o previsto, pois muitos governos impulsionaram suas economias com estímulos econômicos e a produção não acompanhou a grande demanda.
Com a estabilização da pandemia e a redução dos estímulos econômicos, a cotação do petróleo deveria se estabilizar com o equilíbrio da oferta e da demanda, mas com conflito entre a Rússia e a Ucrânia, não é isso que está acontecendo.
Todos os dias, a cotação está crescendo, os analistas estimam que cotação pode passar dos 100 ou 120 dólares por barril. Caso aconteça um conflito armado, a previsão dos 120 dólares pode ser facilmente superada, pois a Rússia, que é dos maiores produtores de petróleo do mundo, poderia interromper o fluxo de produção e envio de petróleo para Europa.
Os capítulos dos próximos dias serão primordiais para a cotação do petróleo, vamos esperar o desfecho do conflito do entre a Rússia e a Ucrânia e o possível aumento da taxa de juros pelo Banco Central dos EUA, fato que poderia frear o consumo.
Murillo Torelli é professor de contabilidade financeira e tributária no Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
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