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- O dólar se valorizou fortemente após a confirmação da vitória de Trump, impulsionado pela expectativa de políticas fiscais agressivas e alta nos rendimentos dos Treasuries
- A expectativa de inflação e déficits fiscais sob Trump levou os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA a subir, atraindo investidores em busca de maiores retornos
- A valorização do dólar pressionou outras moedas, como euro e peso mexicano, que recuaram em até 3%, refletindo o fortalecimento da moeda americana
- Investidores apostaram em “Trump trades”, aumentando posições no dólar e diminuindo a exposição a ativos mais arriscados, como o peso mexicano, em meio à volatilidade eleitoral
A confirmação da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos gerou um forte movimento de valorização do dólar. Contudo, que registrou disparada em relação a todas as principais moedas globais. O fortalecimento da moeda norte-americana foi acompanhado por um aumento significativo nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries).
Dessa forma, à medida que os investidores ajustavam suas expectativas para uma continuidade nas políticas econômicas do republicano, que devem manter as taxas de juros americanas elevadas por mais tempo.
Desde o início do dia, o dólar já mostrava sinais de força. Assim, ganhando terreno contra moedas asiáticas e outras divisas em meio à expectativa de que a vitória de Trump influenciaria diretamente a dinâmica econômica dos EUA. A valorização foi impulsionada pela venda generalizada de títulos do Tesouro, já que os operadores passaram a ajustar as probabilidades de uma política fiscal mais agressiva sob sua liderança. Ainda, incluindo cortes de impostos e tarifas sobre importações.
Essas propostas, que aumentariam a pressão inflacionária, poderiam dificultar o processo de redução das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed). Resultando em rendimentos mais altos para os títulos de longo prazo.
Expectativa de inflação e déficits fiscais elevam os rendimentos dos Treasuries
De acordo com Priya Misra, gerente de portfólio da JPMorgan Investment Management, “as propostas de Trump para tarifas e cortes de impostos devem resultar em maior inflação e déficits fiscais. Contudo, o que provavelmente implicaria em rendimentos mais altos para os títulos de longo prazo”. Isso reflete a preocupação de que um aumento nos déficits orçamentários e na inflação. Causados por suas políticas, ainda, podendo forçar o Fed a manter as taxas de juros mais altas por um período mais longo.
No mercado, o Bloomberg Dollar Spot Index, que mede o desempenho do dólar frente a um cesto de moedas, subiu 1,2%. Dessa forma, após ter atingido um ganho de até 1,6% mais cedo. Os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos avançaram 15 pontos-base, atingindo 4,44%,. Ainda, refletindo a expectativa de que os rendimentos mais altos se tornem um atrativo para os investidores, especialmente aqueles em busca de retornos mais elevados em um cenário de inflação crescente.
Além disso, a valorização do dólar teve impacto negativo sobre outras moedas globais, que sofreram desvalorização frente à moeda norte-americana. O euro, o iene, o dólar australiano e o franco suíço caíram em pelo menos 1%. Enquanto o peso mexicano foi uma das moedas mais impactadas, recuando cerca de 3%.
Movimentação de grandes investidores e a volatilidade do mercado
A intensa disputa eleitoral também gerou grande volatilidade nos mercados financeiros, com fundos hedge e outros investidores ajustando suas posições. E, assim, se preparando para o impacto de uma possível vitória de Trump. Esses operadores realizaram o que é conhecido como “Trump trades” – apostas contra títulos do Tesouro dos EUA. Ou, ainda, contra o peso mexicano, que tende a enfraquecer em cenários de incerteza política e econômica nos Estados Unidos.
Esses movimentos especulativos foram particularmente acentuados durante o mês de outubro, à medida que a disputa eleitoral se intensificava.
Mesmo com o bom desempenho de Kamala Harris nas últimas pesquisas antes da eleição, investidores continuaram a apostar contra o peso mexicano e a favor do dólar. Até o final de outubro, fundos hedge e outros especuladores haviam acumulado cerca de US$ 17,8 bilhões em posições de compra no dólar. Ainda, de acordo com dados divulgados pela Commodity Futures Trading Commission e compilados pela Bloomberg. Essa busca por ativos de refúgio, como o dólar, é uma estratégia comum em tempos de incerteza política e econômica.
Implicações futuras para os mercados financeiros
Com a vitória de Trump, os mercados agora esperam por uma continuidade nas políticas econômicas republicanas. Assim, que incluem a promessa de cortes de impostos e uma postura mais agressiva em relação ao comércio internacional. A expectativa é de que essas medidas mantenham a inflação elevada, forçando o Fed a manter as taxas de juros altas, o que pode continuar a beneficiar o dólar e os rendimentos dos Treasuries.
Enquanto isso, as tensões nas moedas globais, como o euro e o peso mexicano, devem continuar a ser monitoradas, especialmente com a possibilidade de que Trump leve adiante sua agenda de tarifas e impostos. A volatilidade nos mercados deve persistir à medida que os investidores ajustam suas estratégias para um novo ciclo econômico sob a liderança do ex-presidente.
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