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Economia brasileira perde fôlego com redução nos gastos públicos

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  • Os resultados divulgados pelo IBGE mostram que, apesar do crescimento acumulado nos últimos 12 meses, setores-chave da economia recuaram em agosto
  • O varejo caiu 0,3% e os serviços 0,4%, enquanto a indústria apresentou uma leve alta de 0,1%
  • A desaceleração econômica está ligada à redução dos gastos governamentais
  • Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, afirma que o aumento das despesas públicas impulsionou o crescimento no início de 2024
  • A economia cresceu 1% no primeiro trimestre e 1,4% no segundo, mas o mercado já revisou as expectativas de uma expansão mais vigorosa até o final do ano

Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes a agosto, indicam sinais de desaceleração na economia brasileira, segundo análise do Banco Inter. Em entrevista à CNN, Rafaela Vitória, economista-chefe da instituição, explicou que essa perda de ritmo está diretamente ligada à menor injeção de gastos públicos, enquanto o governo adota uma postura mais austera para cumprir a meta fiscal estabelecida.

Variação setorial e projeções de crescimento

Embora os setores da economia tenham apresentado crescimento nos 12 meses anteriores a agosto, os resultados mais recentes mostram uma leve retração em algumas áreas importantes. De acordo com um relatório do Inter, divulgado na última sexta-feira (11), o setor varejista registrou uma queda de 0,3%, enquanto os serviços recuaram 0,4%. A indústria, por outro lado, mostrou um avanço tímido de 0,1% na comparação mensal, revelando uma economia em fase de estabilização, mas com sinais de esgotamento do impulso anterior.

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Com base nesses números, a expectativa do Inter é que o IBC-Br, índice do Banco Central que antecipa o comportamento do PIB, apresente uma retração de 0,14% em agosto.

“Isso vem como reflexo da queda no serviço e varejo, que não deve ser compensada por uma indústria em alta”, diz Vitória.

O resultado oficial será divulgado nesta segunda-feira (14). No entanto, Rafaela Vitória enfatiza que essa desaceleração não deve ser interpretada como um indicativo de recessão iminente. “O que estamos observando é mais um ajuste natural da atividade econômica, e não um colapso”, explicou a economista.

Desempenho nos trimestres anteriores e perspectivas do PIB

Nos dois primeiros trimestres de 2024, a economia brasileira registrou crescimentos de 1% e 1,4%, respectivamente. A continuidade desse ritmo poderia levar a uma expansão anual do Produto Interno Bruto (PIB) próxima a 5%, mas essa projeção já está fora do radar dos analistas. O Banco Inter agora prevê um crescimento mais modesto de 2,9% até o final do ano, considerando o contexto de ajuste fiscal e a contenção nos gastos públicos.

“A gente viu um crescimento muito forte nos últimos trimestres, então é natural que tenha uma acomodação no seguinte. Quando olhamos para o cenário como um todo, aquele crescimento forte não tende a se repetir”, afirma a economista-chefe do Inter.

O impacto do impulso fiscal e a meta de Déficit Zero

Grande parte do crescimento observado na primeira metade do ano foi impulsionada pelo chamado “impulso fiscal”, caracterizado pelo aumento dos gastos governamentais em setores estratégicos. Esse movimento foi um dos fatores responsáveis pela expansão da atividade econômica nos primeiros meses. Entretanto, com o objetivo de cumprir a meta fiscal de déficit zero, o governo agora precisa restringir despesas e equilibrar as contas públicas. A meta prevê uma tolerância de dívida de até 0,25% do PIB, o que exige disciplina fiscal e limitações orçamentárias nos próximos meses.

“Se de fato o crescimento do 1º semestre tiver sido muito embasado no impulso, não deve se repetir, ainda mais se o governo buscar cumprir a meta. O impulso agora é menor, então tende a resultar num crescimento um pouco menor”, pontua Vitória.

Ajuste necessário ou risco à recuperação?

Rafaela Vitória argumenta que essa desaceleração é parte de um processo necessário de acomodação econômica, após o crescimento acelerado registrado anteriormente. “O ajuste fiscal é essencial para garantir a sustentabilidade das contas públicas, mas naturalmente impõe um ritmo mais lento à economia no curto prazo”, avalia. A economista reforça que, embora o momento exija cautela, não há sinais de que o país caminhe para uma recessão estrutural.

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Diante desse cenário, a economia brasileira parece entrar em uma fase de estabilidade, onde o crescimento se ajusta a níveis mais sustentáveis. A expectativa é que o governo siga atento ao equilíbrio entre controle fiscal e estímulo à atividade, para evitar que a desaceleração se transforme em um obstáculo para o desenvolvimento econômico a longo prazo.

“O mercado não tem dado muita atenção para esses dados. Enquanto o setor de serviços mostrou uma queda importante, o mercado de juros ainda aponta para uma alta das taxas. Há mais atenção ao fiscal, de deterioração, do que aos dados da economia corrente”, afirma Vitória.

“O mercado de juros ainda tem um estresse maior, pressionando o Banco Central a subir os juros, o que não é condizente com o cenário que vem se apresentando”, pondera.


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