
- Brasil reduziu 12% das reservas em dólar e ampliou posições em ouro e yuan
- Dólar caiu para 46% das reservas globais, menor nível em quase 30 anos
- Ouro valorizou 47,6% em 2025 e já supera o euro como ativo de reserva
O Brasil reduziu em 12% sua exposição ao dólar nas reservas internacionais ao longo dos últimos sete anos. O movimento reflete uma estratégia de diversificação que ganha força em meio à desdolarização global.
Nesse período, a fatia em ouro subiu 400%, passando de 0,7% para 3,5%, e o yuan chinês já representa 5,3%, superando o euro (5,2%) e consolidando-se como a segunda moeda mais relevante, atrás apenas do dólar.
Tendência global de desdolarização
A queda do dólar não é exclusividade brasileira. Nos bancos centrais do mundo, a dominância da moeda americana caiu de 60% em 2015 para 46% em 2023, o menor nível desde 1995. Além disso, o cenário fiscal frágil dos EUA e a crescente fragmentação geopolítica aceleram a busca por alternativas.
A dívida pública americana já supera 120% do PIB, sem superávits primários desde 2007, o que levanta dúvidas sobre a solvência do governo. Nesse ambiente, cresce o temor de “repressão financeira”, em que os EUA manteriam juros reais baixos para aliviar o peso da dívida, mas erodindo o retorno dos credores.
Além disso, a “militarização do dólar” via sanções econômicas e congelamento de ativos soberanos, como ocorreu com a Rússia, ampliou a percepção de risco. Assim, muitos países passaram a reforçar posições em ouro e moedas alternativas.
Ouro em destaque
O ouro ganhou protagonismo. Em 2025, estoques oficiais chegaram a 36 mil toneladas, próximos aos picos dos anos 1960. Polônia e China lideram as compras, consolidando o metal como um ativo estratégico.
De acordo com o Banco Central Europeu, o ouro já responde por 20% das reservas globais, superando o euro, que caiu para 16%. Portanto, o metal volta a desempenhar papel central em meio à instabilidade macroeconômica e tensões geopolíticas.
O preço reflete essa tendência: em 2025, o ouro acumula alta de 47,6%, enquanto o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a moedas fortes, registra queda de 9,4%.
Dólar ainda dominante
Apesar da diversificação, o dólar mantém hegemonia no sistema financeiro. A moeda ainda aparece em 88% das transações cambiais e concentra 49% da capitalização global de ações.
Segundo analistas, a falta de alternativas viáveis limita a substituição do dólar. O BRICS discute moedas próprias e até uma divisa comum, mas enfrenta desafios de liquidez e credibilidade, o que restringe avanços concretos.
Nesse contexto, a tendência é de um sistema mais fragmentado e multipolar, em que dólar, ouro, yuan e até ativos digitais passam a coexistir, sem que surja um novo hegemônico.