
- Governo teve déficit de R$ 40,6 bilhões em maio, mas acumula superávit de R$ 32,2 bilhões em 2025.
- Alta na arrecadação e queda nas despesas explicam o bom desempenho.
- Meta de déficit zero em 2025 ainda é desafiadora, mas considerada possível.
As contas do governo central — que incluem Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social — fecharam o mês de maio com um déficit primário de R$ 40,6 bilhões, conforme dados divulgados pelo Tesouro Nacional nesta quinta-feira (26). Mesmo assim, o acumulado do ano continua positivo, com superávit de R$ 32,2 bilhões.
Nesse sentido, o resultado mensal ficou bem abaixo do esperado. Assim, a pesquisa Prisma Fiscal, do próprio Ministério da Fazenda, estimava um rombo de R$ 62,2 bilhões para maio. Em 2024, no mesmo mês, o governo registrou um déficit ainda maior: R$ 60,4 bilhões.
Além disso, mesmo com os gastos superando as receitas no mês, analistas consideraram o desempenho positivo por causa da recuperação da arrecadação e da contenção de despesas. O dado também alimenta o debate sobre a viabilidade de cumprir a meta fiscal do ano, que é de déficit primário zero, com margem de tolerância de 0,25% do PIB (cerca de R$ 30 bilhões).
Receita cresce e alivia as contas
A principal explicação para o resultado abaixo das previsões está na melhora da arrecadação. A receita líquida do governo central teve alta real de 2,8% em comparação com maio de 2024, puxada pelo bom desempenho da Receita Federal.
Entre os tributos, o destaque foi o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), que teve crescimento real de 24,3% no mês. Isso representou um ganho adicional de R$ 6,2 bilhões. No total, as chamadas receitas administradas cresceram 7,2%, o equivalente a R$ 9,6 bilhões.
Esse aumento nas entradas reforça o discurso da equipe econômica de que é possível equilibrar as contas sem grandes cortes. Ainda assim, a arrecadação precisa continuar em alta nos próximos meses para manter o superávit acumulado.
Despesas caem e ajudam no alívio fiscal
Além da arrecadação em alta, o resultado de maio foi influenciado por queda nas despesas totais do governo. O recuo real foi de 7,6% em relação ao mesmo mês de 2024. Esse corte foi fundamental para conter o avanço do déficit.
Entre os principais itens que puxaram a redução, estão os gastos do Poder Executivo sujeitos à programação financeira, que caíram R$ 12 bilhões. Também houve queda de R$ 6,6 bilhões em créditos extraordinários, além de R$ 3,9 bilhões a menos em benefícios previdenciários.
Combinando o aumento na arrecadação e a redução nos gastos, o governo conseguiu conter o rombo de maio, mesmo com os desafios crescentes do cenário econômico.
Meta fiscal segue como grande desafio
No acumulado de 2025, o governo central soma um superávit de R$ 32,2 bilhões, revertendo o déficit de R$ 28,7 bilhões registrado no mesmo período de 2024. O número traz algum alívio para o Ministério da Fazenda, que luta para cumprir a meta do ano.
A meta fiscal fixada no novo arcabouço fiscal é de déficit zero. No entanto, a regra permite uma margem de tolerância de até R$ 30 bilhões, ou 0,25% do PIB. Com isso, o governo tem algum espaço para manobras, mas precisa manter o controle nos próximos meses.
Mesmo com sinais positivos, analistas alertam que a consistência das receitas será essencial para fechar o ano dentro do limite estabelecido.