
- Trump banca Milei: Tesouro dos EUA concede swap de US$ 20 bi para reforçar reservas argentinas.
- Crise persiste: Peso segue em queda e mercado mantém cautela antes das eleições.
- Republicanos criticam Trump, mas ele defende a ajuda como “ato de sobrevivência”.
A Argentina confirmou na última segunda-feira (20) um swap cambial de US$ 20 bilhões com o Tesouro dos Estados Unidos. O gesto foi um apoio direto de Donald Trump a Javier Milei. O acordo ocorre a cinco dias das eleições legislativas, consideradas cruciais para o futuro do governo argentino.
O Banco Central da Argentina afirmou que a medida busca preservar a estabilidade de preços e impulsionar o crescimento econômico sustentável. O swap também reforça as reservas internacionais e ajuda a conter a desvalorização do peso, que se intensificou nas últimas semanas.
Apoio político e impacto econômico
Pelo acordo, o Tesouro americano entrega dólares e recebe pesos em troca, embora não tenham sido divulgados os prazos ou a cotação usada. O pacote deve elevar as reservas argentinas dos atuais US$ 42 bilhões para mais de US$ 60 bilhões, liberadas em tranches conforme a necessidade de intervenção no câmbio.
Trump tem defendido publicamente Milei, reforçando uma aliança política que se intensificou após a eleição do libertário. Em mensagem nas redes sociais, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou: “O Tesouro está em comunicação constante com a equipe econômica argentina para Make Argentina Great Again”.
A expectativa é que o swap garanta fôlego suficiente para cobrir os vencimentos da dívida externa de 2026, embora analistas alertem que o efeito no curto prazo será limitado sem um ajuste fiscal mais profundo.
Mercado reage com cautela
Mesmo após o anúncio, o peso argentino continuou perdendo valor, e o dólar subiu para perto do teto da banda cambial, cotado a 1.495 pesos. O índice Merval da Bolsa de Buenos Aires chegou a abrir em alta, mas perdeu força ao longo do dia e terminou em leve queda.
Para economistas locais, o swap apenas adiará a necessidade de abandonar o regime de bandas cambiais, adotando um modelo de flutuação semelhante ao do Brasil. “A desvalorização é inevitável, mas será dolorosa politicamente”, disse um analista de mercado à Bloomberg Línea.
A inflação em disparada, que corrói o poder de compra da população, segue sendo o maior desafio de Milei, que tenta reverter índices de rejeição e conter a pressão da oposição a menos de uma semana do pleito.
Trump enfrenta críticas internas
Nos Estados Unidos, a medida gerou resistência dentro do próprio Partido Republicano. A deputada Marjorie Taylor Greene criticou o pacote, questionando como o envio de US$ 20 bilhões a um país estrangeiro poderia ser compatível com o slogan “America First”.
Trump rebateu as críticas durante uma coletiva no Air Force One, afirmando que “a Argentina está lutando pela sobrevivência” e que o apoio visa evitar o colapso do país.
O presidente ainda sugeriu comprar carne argentina para reduzir preços internos nos EUA, chamando a aliança de “relações carnais 2.0”, em referência às parcerias dos anos 1990 entre Carlos Menem e os governos Bush e Clinton.
Eleições em contagem regressiva
Com o pleito marcado para domingo (26), Milei tenta manter apoio político suficiente para evitar uma derrota que paralisaria seu programa de reformas.
Se sua coalizão não alcançar ao menos 30% das cadeiras, a oposição pode conquistar maioria qualificada e travar a agenda econômica no Congresso.
Entre analistas, o swap é visto como um respiro tático antes do voto, mas não como solução estrutural.
O desafio de Milei será converter o apoio americano em confiança interna, num país que há décadas alterna entre populismo e austeridade.