
- Copom manteve a Selic em 15% e indicou juros altos por período prolongado.
- Banco Central alertou para riscos de inflação ligados a serviços e câmbio.
- Colegiado reforçou que pode retomar altas se a convergência não se confirmar.
O Banco Central deixou claro, nesta terça-feira (23), que o Brasil terá de conviver com juros altos por mais tempo do que o mercado esperava. A ata da reunião do Copom reforça que a taxa Selic, mantida em 15% ao ano, deve seguir nesse patamar de forma prolongada.
Segundo o colegiado, a estratégia é observar se manter o nível atual de juros será suficiente para trazer a inflação de volta à meta, em meio a pressões no mercado de trabalho, expectativas desancoradas e volatilidade cambial.
Nova fase da política monetária
O Copom afirmou que a política monetária entrou em um novo estágio. Depois de uma firme elevação dos juros, a decisão foi parar e avaliar os efeitos acumulados sobre a economia e os preços.
O comitê destacou que já há sinais de moderação gradual da atividade econômica, além de redução na inflação corrente e alguma melhora nas expectativas do mercado. Mesmo assim, ressaltou que o cenário ainda exige vigilância.
A mensagem principal é que a Selic seguirá em patamar contracionista. O BC deixou claro que não hesitará em voltar a subir os juros se considerar necessário para manter a inflação sob controle.
Riscos que pesam sobre a inflação
A ata apresentou uma lista de riscos que sustentam a estratégia conservadora. Entre os riscos de alta estão a possibilidade de uma desancoragem prolongada das expectativas, a resiliência dos serviços diante de um mercado de trabalho aquecido e uma taxa de câmbio persistentemente mais fraca.
Por outro lado, há também riscos de queda para a inflação. O BC citou a chance de uma desaceleração mais forte da economia doméstica, o impacto de uma redução global do comércio e até uma queda relevante nos preços das commodities.
Essa combinação de riscos reforça a postura de manter a Selic elevada. O colegiado sinalizou que, em um ambiente de incerteza, a cautela é o melhor caminho.
O que vem pela frente
Apesar das preocupações, o Copom reconheceu alguns sinais positivos. A inflação corrente vem diminuindo, ainda que lentamente, e as expectativas começaram a mostrar leve melhora.
Mesmo assim, o BC defendeu que é cedo para qualquer movimento de flexibilização. O risco de pressões externas e de choques inesperados ainda é grande.
O recado final foi de compromisso. O Banco Central afirmou que seguirá firme para garantir a convergência da inflação à meta, sem abrir mão de juros altos enquanto houver ameaça de desequilíbrio.