Expectativas econômicas

Boletim Focus prevê inflação menor em 2025, mas mantém Selic alta; veja projeções completas

Relatório do Banco Central reduz estimativa do IPCA pela 2ª semana, mas mantém juros em 15% e câmbio acima de R$ 5,60.

Crédito: Depositphotos
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  • Previsão do IPCA para 2025 cai para 5,10%, mas ainda supera o teto da meta
  • Selic segue estimada em 15% neste ano, sem alívio previsto até 2026
  • Expectativa de câmbio segue acima de R$ 5,60 até 2027, segundo Focus

O Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (21) pelo Banco Central (BC), voltou a mostrar alívio nas expectativas para a inflação em 2025. Pela segunda semana consecutiva, a projeção do IPCA caiu, ainda que continue acima do teto da meta.

Mesmo com esse recuo, os juros devem seguir elevados. O mercado estima a taxa Selic em 15% até o fim do ano. O cenário de câmbio também permanece desafiador, com dólar cotado acima de R$ 5,60 até 2027, refletindo pressões internas e externas sobre a economia brasileira.

Inflação segue em queda, mas ainda fora do centro da meta

A estimativa para o IPCA de 2025 passou de 5,17% para 5,10%, mantendo a tendência de desaceleração. Apesar disso, a inflação projetada segue acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,50% para o período.

Para 2026, o mercado também revisou a projeção para baixo, de 4,50% para 4,45%. Embora esse número esteja dentro da banda de tolerância, ele ainda sugere que o Banco Central terá pouco espaço para reduzir os juros no curto prazo. Já para 2027, a expectativa permanece em 4,00%, o que corresponde exatamente ao centro da meta oficial.

Além disso, o Focus trouxe uma leve revisão para 2028, com o IPCA caindo de 3,81% para 3,80%. Esse movimento reforça a percepção de que o processo de desinflação será gradual. A divulgação do IPCA-15 de julho, prevista para sexta-feira (25), deve ajudar a confirmar se a trajetória atual se sustenta.

Selic alta reflete cautela com cenário fiscal e político

Enquanto as expectativas de inflação recuam, os juros básicos seguem inalterados. Para 2025, o Focus manteve a projeção da Selic em 15%, patamar considerado restritivo. Segundo analistas, esse número reflete o ambiente de incerteza fiscal e os ruídos políticos, que dificultam cortes mais agressivos na taxa.

Em 2026, a previsão segue em 12,50%, com queda para 10,50% em 2027. Para 2028, o mercado estima que os juros alcancem 10%. Embora esses números indiquem uma trajetória de recuo, o ritmo parece lento. Isso porque há receio de que novas expansões de gastos pelo governo comprometam a credibilidade da política monetária.

Ademais, o risco de desancoragem das expectativas é real. Mesmo que o IPCA esteja cedendo, a inflação de serviços ainda mostra resistência. Nesse contexto, o BC tende a adotar uma postura conservadora, reforçando o viés de manutenção dos juros em níveis elevados por mais tempo.

Projeções para PIB e câmbio mostram pouca alteração

No lado do crescimento, o relatório trouxe poucas novidades. O mercado manteve a estimativa de alta de 2,23% para o PIB em 2025. Para 2026, a projeção caiu levemente, de 1,89% para 1,88%. Já em 2027, a expectativa permaneceu estável em 2,00%.

O câmbio também apresentou mínimas alterações. A cotação esperada do dólar para o fim de 2025 continua em R$ 5,65. Para 2026, permanece em R$ 5,70. Já para 2027, houve uma ligeira redução, passando de R$ 5,71 para R$ 5,70.

Esses números indicam que, apesar das oscilações nas projeções de inflação, o mercado vê pouca mudança no crescimento real da economia brasileira e no comportamento da taxa de câmbio. O patamar elevado do dólar, aliás, reflete tanto o diferencial de juros quanto a volatilidade global.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.