
- Desbalanceamento comercial pressiona governo e empresas, que estudam alternativas para 2026.
- Exportações caem 28,1% em novembro, marcando a quarta queda seguida após o tarifaço.
- Importações sobem 24,5%, ampliando o déficit para US$ 7,94 bilhões no ano.
As exportações brasileiras para os Estados Unidos despencaram 28,1% em novembro, marcando a quarta queda consecutiva desde que o governo Donald Trump aplicou a sobretaxa de 50% sobre produtos nacionais. O recuo elevou a pressão sobre a balança comercial, que registrou déficit de US$ 1,17 bilhão no mês.
Ao mesmo tempo, as importações vindas dos EUA avançaram 24,5%, intensificando o desequilíbrio e ampliando a deterioração do resultado acumulado de 2025, que já mostra perda de competitividade e aumento da dependência de bens norte-americanos.
Exportações encolhem pelo quarto mês seguido
As vendas externas para os EUA somaram US$ 2,662 bilhões, bem abaixo dos US$ 3,703 bilhões registrados em 2024. Esse movimento, que ocorre desde a adoção da sobretaxa de 50%, confirma uma tendência de contração acelerada no comércio bilateral. Além disso, o desempenho negativo pressiona setores industriais que dependem do mercado norte-americano para escoamento de produtos de maior valor agregado.
Embora parte dessa queda estivesse prevista por analistas, a intensidade do recuo superou as projeções mais conservadoras. A perda de espaço competitivo cria incerteza adicional para 2026, especialmente em segmentos que já operam com margens mais apertadas. Nesse cenário, empresas exportadoras avaliam ajustes de precificação e redirecionamento de embarques, buscando proteger receitas.
Consequentemente, o governo brasileiro deve enfrentar mais cobranças por respostas diplomáticas e comerciais, já que a manutenção das barreiras reduz a previsibilidade para o setor externo.
Importações disparam e ampliam déficit comercial
No sentido oposto, as importações de produtos norte-americanos alcançaram US$ 3,834 bilhões, alta de 24,5% na comparação anual. Esse avanço reflete tanto a demanda local por itens especializados quanto o consumo cíclico de bens industriais. Além disso, a maior entrada desses produtos reforça o peso das cadeias produtivas que dependem dos EUA, o que tende a acentuar vulnerabilidades externas.
Esse movimento também amplia o descompasso entre os fluxos comerciais bilaterais. A diferença entre exportações e importações evidencia a perda de competitividade do Brasil e a maior sensibilidade da indústria nacional a mudanças regulatórias. Enquanto isso, o déficit acumulado pressiona o câmbio e adiciona volatilidade às projeções de curto prazo.
Ao final de novembro, o saldo negativo no comércio com os EUA atingiu US$ 7,94 bilhões, consolidando o pior desempenho desde antes da pandemia e reforçando a urgência por medidas corretivas.
Acumulado do ano confirma deterioração progressiva
De janeiro a novembro, as exportações totais caíram 6,7%, somando US$ 34,204 bilhões. Esse resultado contrasta com a resiliência mostrada por outros parceiros comerciais e reforça o impacto direto da política protecionista norte-americana. Além disso, as compras brasileiras avançaram 12,7%, atingindo US$ 42,149 bilhões, ampliando a distância entre os fluxos.
O desbalanceamento estrutural evidencia a fragilidade do relacionamento comercial no atual ciclo político dos EUA. Para analistas, o déficit crescente tende a influenciar o planejamento de empresas e setores que dependem fortemente do mercado norte-americano. Esse cenário pode levar a uma realocação de investimentos e até à busca de novos acordos bilaterais.
Enquanto isso, o ambiente global mais competitivo exige respostas rápidas para evitar perda adicional de participação em mercados estratégicos. O governo, por sua vez, deve enfrentar aumento da pressão por renegociação das sobretaxas.