
A indústria brasileira enfrentou em agosto de 2025 o cenário mais desafiador dos últimos dez anos. A pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou retração em todos os principais indicadores, desde a produção até o emprego, trazendo de volta números semelhantes aos de 2015.
O resultado negativo expõe a fragilidade do setor em meio ao governo Lula e acende um sinal de alerta para a economia. O recuo é reflexo de uma combinação de fatores que envolvem demanda interna enfraquecida, custos de produção elevados e um ambiente econômico repleto de incertezas.
Produção em queda livre
O índice de evolução da produção caiu para 47,2 pontos, ficando abaixo da linha de 50 que separa crescimento de retração. É o pior resultado para o mês de agosto desde 2015, sinalizando que a indústria entrou em um ciclo de desaquecimento que pode se estender.
A queda mostra que, mesmo com tentativas de estímulo do governo, o ritmo da atividade industrial não acompanhou a recuperação esperada no segundo semestre. Analistas apontam que os sinais de fraqueza estão mais ligados a problemas estruturais do que conjunturais.
Além disso, empresários relatam dificuldades para repor estoques e manter níveis de produção estáveis, o que aumenta a percepção de risco para os próximos meses.
Emprego e capacidade em queda
Outro dado preocupante foi a redução no índice de emprego, que chegou a 48,4 pontos, indicando queda nas contratações. O setor, tradicional gerador de vagas formais, não consegue sustentar os níveis anteriores, e isso pressiona ainda mais o mercado de trabalho.
A utilização da capacidade instalada também sofreu: caiu de 71% em julho para 70% em agosto, repetindo o fraco desempenho de 2023 e ficando abaixo de 2024. Essa perda mostra que as fábricas estão operando com máquinas paradas e linhas de produção ociosas.
O cenário reflete não apenas menor demanda, mas também a dificuldade de manter custos fixos em um ambiente hostil para investimentos.
Estoques e incerteza no horizonte
O levantamento da CNI ainda mostrou que o nível de estoques ficou em 50 pontos, considerado neutro, mas o indicador que mede a relação entre estoque efetivo e planejado registrou 49,8 pontos, mostrando desalinhamento com as expectativas do setor.
Mesmo com os estoques ajustados, a incerteza domina as projeções: empresários não enxergam recuperação rápida da demanda. O resultado é um ambiente de cautela, onde prevalece a contenção de investimentos e o foco em reduzir riscos.
Especialistas alertam que, sem mudanças profundas, a indústria corre o risco de manter-se estagnada, comprometendo o crescimento econômico e o papel do Brasil no cenário global.
Três pontos principais:
- A produção industrial caiu para 47,2 pontos, pior agosto desde 2015.
- O emprego no setor recuou e a capacidade instalada ficou em apenas 70%.
- Empresários seguem cautelosos, com estoques ajustados, mas sem perspectiva de melhora.