Inflação subindo

Conta de luz vira vilã: saiba por que o IPCA-15 acelerou e ameaça a Selic

Com alta de 0,48% em setembro, inflação voltou a subir puxada pela energia elétrica; pressão reacende debate sobre juros e o custo de vida no Brasil.

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  • Energia elétrica disparou 12,17% e sozinha puxou quase todo o índice.
  • Alimentação caiu 0,35%, evitando uma inflação ainda mais alta.
  • Inflação acumulada em 12 meses chegou a 5,32%, reacendendo o debate sobre Selic.

O IPCA-15 de setembro acelerou para 0,48%, após registrar -0,14% em agosto, segundo o IBGE. Com isso, a inflação em 12 meses subiu para 5,32%, reacendendo preocupações sobre juros e impacto no consumo.

O resultado foi influenciado pelo choque da energia elétrica, que subiu 12,17% e sozinha adicionou 0,47 ponto percentual ao índice. Em contrapartida, a alimentação caiu 0,35%, ajudando a conter parte da pressão sobre os preços.

Habitação dispara e lidera altas

O grupo Habitação registrou avanço de 3,31%, com o maior impacto entre todos os itens pesquisados. O salto ocorreu principalmente pelo fim do bônus de Itaipu e pela volta da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que acrescentou R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.

Além disso, houve reajustes tarifários em regiões como Belém (+11,38%) e aumento no gás encanado de Curitiba (+3,32%), enquanto o Rio de Janeiro apresentou leve queda de -0,66%. Também pesaram as tarifas de água e esgoto, com destaque para Salvador (+0,31%).

Assim, a Habitação sozinha adicionou 0,50 ponto percentual ao resultado do mês e voltou a ser o grande vilão da inflação.

Alimentos seguem em queda

O grupo de Alimentação e bebidas registrou a quarta queda seguida, com -0,35% em setembro. No domicílio, a variação foi de -0,63%, influenciada por itens básicos como tomate (-17,49%), cebola (-8,65%), arroz (-2,91%) e café moído (-1,81%).

No lado das altas, as frutas subiram 1,03% e ajudaram a conter um recuo maior. Já a alimentação fora de casa também desacelerou, passando de 0,71% em agosto para 0,36% em setembro, devido à menor pressão sobre refeições e lanches.

Esse movimento de queda na alimentação foi fundamental para evitar que o índice geral avançasse ainda mais em setembro.

Transportes aliviam pressão

O grupo Transportes recuou 0,25%, contribuindo para segurar o índice. Entre os destaques, estão a queda do seguro voluntário de veículos (-5,95%) e das passagens aéreas (-2,61%).

Nos combustíveis, a gasolina (-0,13%) e o gás veicular (-1,55%) ajudaram no recuo, enquanto o diesel (+0,38%) e o etanol (+0,15%) subiram. O impacto líquido, no entanto, foi de alívio.

Além disso, a redução de tarifas em Curitiba (-2,86%), Belém (-6,27%) e Brasília (-9,85%) também colaborou para o resultado negativo do grupo.

Diferenças regionais

Entre as 11 regiões pesquisadas, todas registraram alta. O maior avanço veio de Recife (0,80%), impulsionado pela energia elétrica (+10,69%) e pela gasolina (+4,78%).

Na ponta oposta, Goiânia teve a menor variação, com 0,10%, beneficiada pela queda da gasolina (-2,78%) e do tomate (-24,39%). Já São Paulo, responsável por mais de um terço do peso do índice, apresentou alta modesta de 0,13%.

Esse retrato mostra que, embora a energia tenha pressionado o país inteiro, a intensidade do choque variou entre as regiões.

O que esperar daqui pra frente

Com a inflação em 5,32% nos últimos 12 meses, o resultado reforça a necessidade de cautela sobre cortes adicionais na Selic.

Para os consumidores, a pressão deve continuar nos próximos meses, principalmente por causa da energia.

No mercado, a leitura pode afetar setores ligados a juros e consumo. Analistas avaliam que o cenário de preços mantém o Banco Central em posição defensiva, aguardando sinais mais claros de desaceleração.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.