Financiamento verde

Crédito bilionário para salvar terras degradadas chega aos bancos: veja quem ganha mais

Programa Ecoinvest promete transformar até 3 milhões de hectares e pode redefinir o jogo para agronegócio e sustentabilidade.

Crédito: Depositphotos.
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  • R$ 30,1 bilhões serão investidos até 2027 na recuperação de áreas degradadas.
  • Cerrado receberá mais da metade dos recursos, seguido por Mata Atlântica e Amazônia.
  • Bancos terão de comprovar capital privado para acessar repasses em até 24 meses.

O governo federal vai começar, ainda em setembro, a liberar parte dos R$ 16,5 bilhões demandados no segundo leilão da linha Ecoinvest, voltada à recuperação de áreas degradadas. Os repasses irão para dez bancos contemplados e, somados à contrapartida privada, podem levar o total investido a R$ 30,1 bilhões até 2027.

A expectativa é que a iniciativa recupere 1,4 milhão de hectares de terras, número que pode chegar a 3 milhões a depender da atividade, das técnicas usadas e dos custos. Na prática, será como restaurar uma área até nove vezes maior que a cidade de São Paulo.

Como funciona o repasse

Entre os bancos escolhidos estão Banco do Brasil, BNDES, BTG Pactual, Itaú, Caixa, Bradesco, Safra, Rabobank, Santander e Votorantim. Os agentes financeiros terão de comprovar aportes privados para liberar novos repasses públicos.

O Tesouro Nacional explicou que cada instituição recebe inicialmente 25% dos recursos públicos. Após comprovar a mobilização de capital privado proporcional, poderá acessar outros 50%. Por fim, os 25% restantes serão liberados quando todo o fluxo for comprovado. O prazo total é de 24 meses a partir do primeiro desembolso.

Portanto, no total, quase R$ 13,7 bilhões deverão vir da iniciativa privada, sendo R$ 8,2 bilhões do mercado externo e R$ 5,4 bilhões do interno. Além disso, R$ 5,9 bilhões passarão por fundos de investimento criados especialmente para o programa.

Onde o dinheiro vai parar

A maior fatia ficará no Cerrado, que deve receber R$ 17,2 bilhões, equivalente a 57% do montante. Em seguida vêm a Mata Atlântica (R$ 4 bilhões), a Amazônia (R$ 3,5 bilhões), a Caatinga (R$ 3 bilhões), o Pampa (R$ 1,2 bilhão) e o Pantanal (R$ 1,1 bilhão).

No Cerrado, o BNDES lidera as operações, com quase R$ 4 bilhões. Os projetos devem priorizar a conversão de áreas degradadas em culturas perenes como fruticultura, café e cana. Também entram no radar lavouras anuais e pecuária, de forma isolada ou integrada.

Na Amazônia, os financiamentos terão foco em sistemas agroflorestais, recuperação de pastagens e restauração com espécies nativas. Desse modo, o Banco do Brasil vai liderar as aplicações fora do Cerrado.

Próximos passos do Ecoinvest

De acordo com o Tesouro Nacional, não há previsão de novos leilões voltados à recuperação de áreas degradadas. O primeiro, em 2023, priorizou projetos sustentáveis de forma geral.

Ademais, o próximo certame será voltado à atração de equity para inovação, e o quarto terá como foco a bioeconomia na Amazônia.

Por fim, o Ecoinvest busca se consolidar como um instrumento de financiamento verde, atraindo tanto capital nacional quanto estrangeiro.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.