Enfraquecimento

Crise dos amarelinhos: renda desaba e quase 40% dos taxistas têm mais de 60 anos

Envelhecimento da categoria, concorrência com aplicativos e aposentadorias insuficientes expõem risco para a economia carioca.

Crédito: Depositphotos.
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  • Quase 40% dos taxistas do Rio já têm mais de 60 anos
  • Concorrência dos aplicativos e aposentadorias insuficientes mantêm idosos no volante
  • Mudanças regulatórias e perda de valor da autonomia desafiam o futuro da categoria

O perfil dos taxistas no Rio de Janeiro mudou de forma drástica na última década. Quase 40% dos permissionários já têm mais de 60 anos, revelando o envelhecimento acelerado da categoria. A redução da entrada de novos motoristas, somada à pressão dos aplicativos, explica esse cenário.

O fenômeno chama atenção não apenas pelo impacto na oferta do serviço, mas também por expor uma realidade econômica dura: aposentadorias baixas e queda brusca no faturamento obrigam muitos idosos a permanecerem ao volante.

Concorrência dos aplicativos

O avanço de plataformas como Uber, 99 e inDrive diminuiu a atratividade da profissão para os mais jovens. Enquanto isso, motoristas mais velhos resistem nas ruas, mesmo com ganhos até 50% menores do que no passado.

Muitos relatam jornadas de até dez horas diárias para conseguir manter um rendimento em torno de R$ 3 mil mensais.

Com a pandemia, a situação se agravou. A crise reduziu a demanda por táxis e ampliou a migração de profissionais para os aplicativos. Isso consolidou uma base etária mais madura no setor, já que os idosos permaneceram ativos por necessidade.

Realidade financeira dura

Grande parte dos taxistas idosos afirma que a aposentadoria não cobre gastos básicos, como saúde, plano médico e moradia. Por isso, continuam rodando mesmo após os 70 e 80 anos.

Alguns destacam que a autonomia perdeu valor de mercado, caindo de R$ 250 mil no passado para pouco mais de R$ 30 mil nos últimos anos, o que reforça a insustentabilidade do modelo tradicional.

Outros relatam que não conseguem mais trocar de carro, permanecendo com veículos antigos e enfrentando aumento de custos de manutenção. Ainda assim, insistem em não migrar para os aplicativos por considerarem o táxi mais seguro, sobretudo em áreas de risco.

Futuro do setor

Apesar da predominância de motoristas mais velhos, há sinais de que novos profissionais abaixo dos 35 anos estão começando a se interessar pelo mercado. Esse movimento pode indicar uma reestruturação gradual no perfil etário da categoria.

Por outro lado, medidas regulatórias também pressionam. Desde abril, a prefeitura suspendeu a transferência de autonomias após decisão do Supremo Tribunal Federal, o que trava a renovação da frota de permissionários.

Além disso, a entrada dos táxis na própria plataforma da Uber adiciona novas camadas de concorrência e adaptação para os profissionais.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.