Vida real

Dados assustam: metade dos brasileiros não conseguem chegar ao fim do mês com salário

Pesquisa da Serasa revela melhora em relação a 2024, mas aponta risco de inadimplência e dependência crescente de crédito.

Dados assustam: metade dos brasileiros não conseguem chegar ao fim do mês com salário
  • 54% dos trabalhadores não conseguem chegar ao fim do mês apenas com o salário
  • 49% recorrem a crédito ou renda extra para fechar as contas
  • Apenas 25% teriam condições de arcar com uma despesa inesperada de R$ 10 mil

Mais da metade dos trabalhadores brasileiros não consegue chegar ao fim do mês apenas com o salário. O dado, divulgado pela Serasa Experian, mostra que 54% dos profissionais com carteira assinada (CLT) ou atuando como pessoa jurídica (PJ) ficam sem renda antes do próximo pagamento.

Apesar de alarmante, o cenário apresentou leve melhora em comparação a 2024, quando o índice era de 62%. Hoje, 46% dos entrevistados conseguem manter o salário até o fim do mês, um avanço de 8 pontos percentuais em 12 meses.

Controle financeiro ainda é limitado

O levantamento revela que apenas dois em cada dez trabalhadores afirmam ter total controle de sua vida financeira. Os menos preparados estão, sobretudo, na geração Z, na classe C, entre profissionais PJ e empregados de empresas menores.

A dificuldade de formar uma reserva de emergência também preocupa. Apenas 25% dos entrevistados seriam capazes de arcar com uma despesa inesperada de R$ 10 mil. Essa fragilidade aumenta o risco de endividamento, especialmente diante de imprevistos de saúde, perda de renda ou emergências domésticas.

O dado expõe a vulnerabilidade de uma parcela significativa da população, que vive em um ciclo constante de aperto financeiro.

Renda extra vira saída

Entre os que não conseguem fechar as contas apenas com o salário, 49% buscam fontes de renda extra. A maioria recorre a linhas de crédito, cartão de crédito, cheque especial ou empréstimos, ou depende da renda familiar. Outros assumem trabalhos paralelos, como freelancer, para complementar o orçamento.

Esse movimento, porém, não resolve de forma estrutural. Em muitos casos, o crédito usado para cobrir despesas básicas gera novas dívidas e aumenta a pressão sobre o orçamento dos meses seguintes.

Ainda mais grave é a situação de 5% dos entrevistados, que não chegam ao fim do mês com dinheiro e não têm alternativas. Para esses trabalhadores, a inadimplência se torna quase inevitável.

Destino do salário: despesas básicas

A pesquisa mostra que os principais gastos dos brasileiros estão concentrados em alimentação e contas fixas, como energia, água e gás. Ou seja, boa parte do salário já é consumida por despesas essenciais, restando pouco espaço para consumo, lazer ou investimentos.

Na sequência aparecem os financiamentos, empréstimos e despesas ligadas a estudos. Esse quadro indica que parte relevante da renda é comprometida com dívidas de médio e longo prazo.

O peso das despesas fixas limita a capacidade de planejamento e reduz a margem para construir reservas financeiras.

Panorama de endividamento

O estudo aponta ainda que 66% dos trabalhadores enfrentaram problemas financeiros nos últimos cinco anos. Hoje, 17% continuam vivendo esse cenário.

Nos últimos 12 meses, 33% se tornaram negativados por não conseguir cumprir compromissos financeiros. A tendência confirma dados recentes que mostram aumento da inadimplência em bancos e financeiras, mesmo com melhora pontual no pagamento de contas básicas como água e energia.

Esse cenário reforça a percepção de que a recuperação financeira das famílias brasileiras ainda é frágil, mesmo com a melhora em relação a 2024.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.