Brasil

Déficit nas contas externas melhoram em abril, mas rombo anual ainda preocupa

Mês marcou déficit de US$ 1,3 bilhão, uma melhora em relação ao mesmo período de 2024, quando o rombo havia sido maior, de US$ 1,7 bilhão

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As contas externas do Brasil fecharam abril com déficit de US$ 1,3 bilhão, segundo dados do Banco Central (BC). O resultado representa uma melhora em relação ao mesmo mês de 2024, quando o rombo havia sido maior, de US$ 1,7 bilhão.

Apesar da leve recuperação no curto prazo, o quadro estrutural segue pressionado: no acumulado dos últimos 12 meses, o déficit em transações correntes alcançou US$ 68,5 bilhões, ou 3,22% do Produto Interno Bruto (PIB). Em abril de 2024, esse percentual era de apenas 1,18%.

Déficit menor em abril: sinal de alívio?

O resultado de abril foi influenciado positivamente por uma redução nos déficits das contas de serviços (-US$ 98 milhões) e renda primária (-US$ 550 milhões). Também houve aumento do superávit em renda secundária, com saldo extra de US$ 79 milhões.

A balança comercial de bens seguiu superavitária, com US$ 7,4 bilhões no mês — ligeiramente abaixo dos US$ 7,8 bilhões de abril de 2024.

As exportações permaneceram estáveis em US$ 30,6 bilhões, enquanto as importações subiram 1,5%, totalizando US$ 23,2 bilhões.

Serviços ainda pesam nas contas externas

Na conta de serviços, o déficit foi de US$ 4,2 bilhões, resultado puxado principalmente por aumento nas despesas com transporte, propriedade intelectual, telecomunicação e aluguel de equipamentos.

Ainda assim, o valor é inferior ao registrado um ano antes.

Esses dados indicam que, embora os serviços continuem pressionando o setor externo, há um movimento de contenção nos gastos líquidos com o exterior, refletindo talvez uma reorganização nos contratos e fluxos comerciais internacionais.

Menor saída de lucros e dividendos favorece balança

Na conta de renda primária, o rombo de US$ 5 bilhões representa uma melhora de quase 10% em relação ao mesmo mês de 2024.

A queda nas remessas de lucros e dividendos ao exterior, que somaram US$ 3,3 bilhões, ajudou a aliviar a pressão cambial.

Já os gastos com juros também diminuíram, passando de US$ 1,8 bilhão para US$ 1,7 bilhão.

Investimentos diretos dão fôlego ao câmbio

O ponto mais positivo do relatório foi o desempenho dos investimentos diretos no país (IDP), que somaram US$ 5,5 bilhões em abril, contra US$ 3,9 bilhões no mesmo mês de 2024.

Nos 12 meses até abril, o total de IDP chegou a US$ 69,8 bilhões, o equivalente a 3,29% do PIB.

Este fluxo é um importante fator de sustentação da taxa de câmbio, já que ajuda a financiar o déficit em conta corrente com capital produtivo de longo prazo.

Por outro lado, os investimentos em carteira apresentaram sinais de menor confiança: saídas líquidas em ações e fundos totalizaram US$ 1,4 bilhão, enquanto os títulos públicos atraíram US$ 2 bilhões.

Reservas internacionais em alta

O estoque de reservas internacionais subiu para US$ 340,8 bilhões, aumento de US$ 4,6 bilhões frente a março.

A valorização cambial, os preços de ativos e os juros recebidos ajudaram a compor essa elevação — o que dá mais conforto à estabilidade financeira do país, apesar do déficit.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.