Duro recado

Deflação não importa: BC de Galípolo mantém juros sufocando economia até 2026

Copom ignora queda do IPCA e aposta em Selic de 15% para segurar inflação de serviços, emprego aquecido e expectativas desancoradas.

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  • Inflação de serviços elevada (6,17%) é o maior obstáculo para cortes.
  • Emprego aquecido mantém demanda forte e pressiona preços.
  • Riscos fiscais e externos reforçam postura cautelosa do BC.

O Banco Central decidiu manter a Selic em 15%, maior nível em duas décadas, mesmo após a primeira deflação em 12 meses e o alívio das expectativas de inflação do mercado. O recado é claro: enquanto o núcleo de serviços e o mercado de trabalho não desacelerarem, não há espaço para cortes.

Segundo o boletim Focus, a projeção para 2025 caiu de 5,68% em março para 4,83%. Ainda assim, segue distante da meta de 3%. Para o Copom, esse desvio reforça que uma política monetária contracionista precisa ser prolongada para ancorar expectativas.

Inflação de serviços é o alvo principal

A queda recente do IPCA veio de fatores temporários, bônus de Itaipu nas contas de luz e alívio em alimentação e bebidas. Mas o núcleo de serviços ainda sobe 6,17% em 12 meses, muito acima da meta.

Esse indicador pesa porque reflete diretamente salários e demanda interna. Com emprego aquecido, mais renda circula e pressiona preços.

Para o BC, esse movimento mostra que a inflação estrutural continua resistente, e cortar juros agora poderia reverter o ganho conquistado.

PIB enfraquece, mas emprego resiste

A economia já mostra sinais de cansaço: o PIB cresceu só 0,4% no 2º trimestre e o IBC-Br recuou por três meses seguidos. No entanto, o desemprego segue em 5,6%, mínima histórica desde 2013.

O BC quer ver um mercado de trabalho mais fraco antes de flexibilizar a política. Isso porque salários altos e consumo elevado mantêm viva a pressão nos serviços.

Analistas projetam espaço para cortes apenas em 2026, quando inflação, emprego e expectativas podem convergir.

Incertezas fiscais e risco externo

O cenário fiscal brasileiro continua sendo um ponto de preocupação, com impacto direto sobre a confiança dos investidores e as expectativas de inflação.

Ademais, no campo externo, tarifas impostas pelos EUA aumentam a incerteza global, podendo afetar a política monetária americana.

Por fim, com o corte de juros do Federal Reserve, o real tende a se valorizar, o que ajuda no controle da inflação brasileira. Mas, diante das incertezas, o BC prefere segurar a Selic em 15% para proteger expectativas e estabilidade.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.