Maior nível atingido

Desemprego cai a 5,4% e Brasil surpreende: por que o mercado vê risco de desaceleração?

Mesmo com a menor taxa da série histórica, economistas apontam que o ritmo do mercado de trabalho começa a perder força.

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  • Caged de outubro aponta perda de ritmo e indica possível estabilização da desocupação.
  • Desemprego cai a 5,4% e marca mínima histórica do IBGE.
  • Mercado vê sinais de desaceleração apesar do forte nível de ocupação.

O Brasil registrou desemprego de 5,4% no trimestre até outubro, o menor nível já medido pelo IBGE desde o início da série. O dado ficou levemente abaixo da projeção de 5,5% antecipada pelo mercado e reforça um cenário de forte ocupação no país.

Apesar disso, economistas alertam que, embora o indicador permaneça em mínimas históricas, aparecem sinais de moderação gradual, especialmente diante da atividade mais fraca e do impacto prolongado dos juros altos.

Dados mostram força, mas economistas veem sinais de desaceleração

A leitura mais recente da Pnad Contínua confirmou o avanço do mercado de trabalho ao mostrar queda em relação aos 5,6% registrados nos três meses encerrados em setembro. O recuo ocorre mesmo após um ano marcado por mínima recorde na desocupação, apoiado pela resiliência da atividade e pela renda elevada dos trabalhadores.

Além da taxa menor, o trimestre trouxe o menor número absoluto de desempregados da série, com 5,91 milhões de pessoas. O recuo de 3,4% na comparação trimestral e de 11,8% em um ano mostra que a absorção de mão de obra segue robusta, mesmo com a política monetária contracionista. Ao mesmo tempo, a renda média subiu para R$ 3.528, atingindo novo recorde real.

Entretanto, economistas afirmam que essa força começa a perder tração. A taxa básica de juros permanece em 15% ao ano, o maior nível em duas décadas, o que tende a pressionar o mercado de trabalho adiante. Com isso, especialistas agora observam se o movimento recente indica o início de um ciclo de estabilização.

Ocupação segue em alta, mas indicadores começam a esfriar

O Brasil registrou 102,5 milhões de pessoas ocupadas, novo recorde histórico. O contingente de trabalhadores com carteira assinada chegou a 39,18 milhões, alta na comparação trimestral, enquanto os sem carteira avançaram 1%, totalizando 13,6 milhões. Esses números reforçam que a base do mercado de trabalho permanece ampla.

Ainda assim, análises setoriais começam a mostrar situações diferentes. Para o ASA, a terceira queda consecutiva da ocupação com ajuste sazonal aponta que o ritmo de geração de vagas perdeu intensidade. O cenário indica que o mercado de trabalho reage de forma lenta à desaceleração econômica observada nos últimos meses.

Enquanto isso, alguns economistas destacam que a pressão sobre o emprego pode aumentar caso a atividade siga moderando. A leitura do IBGE ainda indica solidez, mas parte dos analistas acredita que o ponto de inflexão está mais próximo do que se imaginava.

Caged fraco aumenta preocupação com próximos meses

A divulgação dos dados do Caged acendeu o sinal amarelo. O Brasil abriu 85.147 vagas formais em outubro, o pior desempenho já registrado para o mês no Novo Caged. O resultado ficou abaixo do esperado e reforçou a percepção de perda de ritmo na criação de empregos.

Segundo o mercado, o Caged funciona como uma leitura complementar ao IBGE, e sua fraqueza reacende dúvidas sobre a capacidade de manutenção das mínimas históricas de desemprego. Economistas afirmam que o dado isolado não altera a tendência, mas sinaliza uma mudança gradual no ciclo.

Para especialistas, o fato de a taxa do IBGE estar no menor nível da série não garante continuidade do movimento. Há consenso de que o desemprego deve se estabilizar e, possivelmente, voltar a subir levemente nos próximos trimestres, caso a economia enfraqueça e a política de juros permaneça restritiva.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.