Alerta

Economia brasileira perde fôlego: geração de empregos despenca e inadimplência bate recorde

Dados de julho mostram desaceleração do mercado de trabalho e pressão no crédito, efeitos da Selic em 15% e do tarifaço dos EUA.

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  • Criação de vagas formais caiu 32% em julho, pior desempenho desde 2020
  • Inadimplência de famílias chegou a 6,5%, maior nível em mais de uma década
  • Juros altos e tarifaço dos EUA pesam sobre atividade, crédito e mercado de trabalho

O mercado de trabalho e o crédito começaram a mostrar sinais claros de enfraquecimento. Em julho, a criação de vagas formais caiu 32% frente ao mesmo mês do ano passado, no pior desempenho para o período desde 2020.

Ao mesmo tempo, a inadimplência das famílias e empresas atingiu níveis recordes, refletindo os impactos da Selic elevada, hoje em 15% ao ano, maior patamar desde 2006 e as incertezas externas com o tarifaço imposto pelos Estados Unidos.

Emprego em queda

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou a abertura de 129.775 vagas com carteira assinada em julho. Embora positivo, o saldo foi bem inferior ao de 2024, quando foram criadas 191.373 vagas.

Foi o pior julho desde a pandemia, confirmando um segundo mês seguido de desaceleração. No acumulado do ano, o saldo de postos criados caiu 10,3% em relação a 2024.

Economistas apontam que a tendência é de arrefecimento do ritmo de contratações até o fim de 2025, com menor fôlego no setor de serviços e impacto direto da política monetária restritiva.

Pressão da Selic e efeito fiscal

Segundo Paula Montagner, do Ministério do Trabalho, os juros altos reduzem a atividade das empresas e inibem novas contratações. Além disso, a elevação das tarifas americanas sobre exportações brasileiras adiciona incertezas ao cenário.

Analistas lembram que a política fiscal expansionista do governo, com aumento de gastos e reajuste do salário mínimo, ajudou a sustentar a geração de empregos até agora, mas esse efeito tende a se dissipar.

Para José Márcio Camargo, da Genial Investimentos, essa combinação dificulta o trabalho do Banco Central, que tenta conter a inflação e precisa ver um desaquecimento mais claro do mercado de trabalho.

Inadimplência em alta recorde

No crédito, a situação preocupa ainda mais. A inadimplência das famílias em operações com recursos livres subiu para 6,5%, maior patamar desde 2013. No agregado, incluindo empresas, a taxa alcançou 5,2%, nível mais alto desde 2017.

O destaque foi o rotativo do cartão de crédito, que chegou a 60,5%, recorde histórico. O Banco Central detectou que ao menos quatro bancos aplicaram taxas acima do limite permitido por lei, em alguns casos chegando a absurdos 971%.

Segundo o BC, parte da alta decorre de mudanças metodológicas, mas o cenário geral de juros elevados e crédito caro explica a deterioração. A perspectiva é de manutenção da pressão até que a Selic comece a ceder de forma mais consistente.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.