Indústria automotiva

Economia em apuros? Venda de veículos despenca em junho

Anfavea aponta queda na produção e no emplacamento interno, mas destaca alta expressiva nas exportações e papel estratégico da Argentina.

venda veiculos
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  • Produção de veículos no Brasil caiu 6,5% em junho; vendas internas também recuaram
  • Exportações cresceram 75% no mês e 59,8% no acumulado do ano, com destaque para a Argentina
  • Estoques seguem em níveis elevados e emplacamentos diários preocupam setor

A produção de veículos no Brasil somou 200,8 mil unidades em junho, o que representa queda de 6,5% em relação a maio e de 4,9% ante o mesmo mês de 2024. Além disso, as vendas internas também decepcionaram: caíram 5,7% na comparação com maio e 0,6% em relação a junho do ano passado, totalizando 212,9 mil unidades.

Segundo a Anfavea, mesmo com recuo na produção, os estoques seguem elevados, com 259,3 mil unidades disponíveis — o equivalente a 38 dias de venda. O presidente da entidade, Igor Calvet, chamou atenção para a queda na média diária de emplacamentos, que recuou tanto na base mensal quanto anual. Para ele, esse cenário exige cautela, pois pode sinalizar um enfraquecimento da demanda no segundo semestre.

Mercado nacional em retração

De acordo com os dados apresentados, os veículos nacionais tiveram queda de 6,3% nas vendas em junho frente ao mês anterior, enquanto os importados recuaram 2,7%. Em comparação com junho de 2024, os modelos fabricados no Brasil caíram 1%, ao passo que os importados cresceram 0,9%.

No acumulado do ano, as vendas de veículos nacionais ainda mostram aumento de 2,7%. No entanto, os importados avançaram bem mais — alta de 15,6%. Os modelos chineses, inclusive, já representam 6% dos emplacamentos em 2025, evidenciando uma mudança no perfil do consumidor brasileiro.

Quanto à motorização, os veículos híbridos e elétricos mantêm trajetória de crescimento. Foram vendidos 5.847 elétricos, 8.448 híbridos e 7.081 híbridos plug-in em junho, números que, embora inferiores aos de maio para os elétricos, indicam uma consolidação da eletrificação no país.

Exportações ganham protagonismo

Apesar da retração doméstica, o comércio exterior tem garantido fôlego à indústria. As exportações aumentaram 75% em junho ante o mesmo mês de 2024, totalizando 50,7 mil veículos enviados ao exterior. No acumulado do ano, o crescimento já chega a 59,8%, com 264,1 mil unidades embarcadas.

A Argentina é a principal responsável por esse bom desempenho. De acordo com Calvet, o país vizinho absorve quase 60% das exportações brasileiras e tem se mostrado um parceiro em recuperação, o que tem sustentado a produção em solo nacional.

A projeção da Anfavea é de que esse crescimento argentino continue nos próximos meses. Isso tende a amenizar os efeitos da queda de demanda interna, ajudando o Brasil a manter sua capacidade produtiva em níveis aceitáveis.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.