
- Lula lança novo crédito imobiliário com injeção inicial de R$ 20 bilhões.
- Programa de reformas residenciais terá juros a partir de 1,17% ao mês.
- Medidas visam estimular o setor e fortalecer a base política do governo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lança nesta sexta-feira (10) um novo modelo de crédito imobiliário e um programa de reformas de moradias voltado a famílias de baixa e média renda. A iniciativa busca estimular o setor da construção civil e movimentar a economia em meio à queda dos recursos da poupança.
A expectativa é de que R$ 20 bilhões sejam injetados no mercado habitacional. O volume virá, principalmente, de bancos públicos, mas pode aumentar caso instituições privadas decidam aderir ao programa.
O que muda no crédito imobiliário
Atualmente, 65% dos recursos da poupança precisam ser direcionados para o crédito imobiliário, enquanto 20% são recolhidos pelo Banco Central e 15% ficam livres para os bancos. Com o novo modelo, parte dessas regras será flexibilizada, permitindo que outras fontes de financiamento sustentem o setor.
As mudanças, que dependem da aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN), pretendem ampliar a oferta de crédito e garantir mais estabilidade no financiamento habitacional, diante da escassez de funding da poupança.
O governo planeja aplicar o novo formato de forma gradual e híbrida. No primeiro ano, o sistema atual continuará em vigor, enquanto as instituições financeiras testam o modelo alternativo. A ideia é avaliar o impacto real sobre o volume de crédito e o custo final para o consumidor.
Programa de reformas de moradias
Além do crédito imobiliário, Lula apresentará o programa de reformas residenciais, promessa antiga do governo e peça-chave na estratégia de aquecimento do consumo interno e de reaproximação com a base popular.
O plano prevê três faixas de renda e deve ser operado pela Caixa Econômica Federal a partir do fim de outubro. Famílias com renda de até R$ 3,2 mil terão juros de 1,17% ao mês. A faixa intermediária, entre R$ 3,2 mil e R$ 9,6 mil, pagará 1,95% ao mês. Já para rendas acima desse patamar, valerá uma taxa de mercado ajustada.
“O cidadão que quiser reformar sua casa, fazer uma garagem, um quarto, um banheiro, tem o direito de pegar crédito com juros mais baixos”, disse Lula em discurso recente.
Portanto, o governo espera que a medida gere emprego e renda no setor de construção civil e funcione como vitrine eleitoral para 2026.
Efeitos econômicos e políticos esperados
Com os dois programas, o Planalto tenta estimular o PIB pela via do investimento doméstico, sem elevar o endividamento público. Nesse sentido, a iniciativa também serve como resposta à crise de confiança após as derrotas fiscais recentes no Congresso.
Ademais, o mercado imobiliário recebe o anúncio com cautela, mas vê sinal positivo na abertura de novas fontes de crédito. Já analistas afirmam que o sucesso da medida dependerá do nível de adesão dos bancos privados e da manutenção dos juros estáveis nos próximos meses.
Por fim, a expectativa é de que, até o fim de 2026, o programa possa beneficiar mais de 1 milhão de famílias e fortalecer a base eleitoral do governo em regiões populares.