Girando a máquina

Entenda em detalhes o programa de reformas e novo crédito imobiliário de Lula

Governo promete injetar R$ 20 bilhões no mercado habitacional e oferecer crédito com juros reduzidos para famílias de baixa renda.

Lula
Foto: David Dee Delgado / Bloomberg
  • Lula lança novo crédito imobiliário com injeção inicial de R$ 20 bilhões.
  • Programa de reformas residenciais terá juros a partir de 1,17% ao mês.
  • Medidas visam estimular o setor e fortalecer a base política do governo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lança nesta sexta-feira (10) um novo modelo de crédito imobiliário e um programa de reformas de moradias voltado a famílias de baixa e média renda. A iniciativa busca estimular o setor da construção civil e movimentar a economia em meio à queda dos recursos da poupança.

A expectativa é de que R$ 20 bilhões sejam injetados no mercado habitacional. O volume virá, principalmente, de bancos públicos, mas pode aumentar caso instituições privadas decidam aderir ao programa.

O que muda no crédito imobiliário

Atualmente, 65% dos recursos da poupança precisam ser direcionados para o crédito imobiliário, enquanto 20% são recolhidos pelo Banco Central e 15% ficam livres para os bancos. Com o novo modelo, parte dessas regras será flexibilizada, permitindo que outras fontes de financiamento sustentem o setor.

As mudanças, que dependem da aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN), pretendem ampliar a oferta de crédito e garantir mais estabilidade no financiamento habitacional, diante da escassez de funding da poupança.

O governo planeja aplicar o novo formato de forma gradual e híbrida. No primeiro ano, o sistema atual continuará em vigor, enquanto as instituições financeiras testam o modelo alternativo. A ideia é avaliar o impacto real sobre o volume de crédito e o custo final para o consumidor.

Programa de reformas de moradias

Além do crédito imobiliário, Lula apresentará o programa de reformas residenciais, promessa antiga do governo e peça-chave na estratégia de aquecimento do consumo interno e de reaproximação com a base popular.

O plano prevê três faixas de renda e deve ser operado pela Caixa Econômica Federal a partir do fim de outubro. Famílias com renda de até R$ 3,2 mil terão juros de 1,17% ao mês. A faixa intermediária, entre R$ 3,2 mil e R$ 9,6 mil, pagará 1,95% ao mês. Já para rendas acima desse patamar, valerá uma taxa de mercado ajustada.

“O cidadão que quiser reformar sua casa, fazer uma garagem, um quarto, um banheiro, tem o direito de pegar crédito com juros mais baixos”, disse Lula em discurso recente.

Portanto, o governo espera que a medida gere emprego e renda no setor de construção civil e funcione como vitrine eleitoral para 2026.

Efeitos econômicos e políticos esperados

Com os dois programas, o Planalto tenta estimular o PIB pela via do investimento doméstico, sem elevar o endividamento público. Nesse sentido, a iniciativa também serve como resposta à crise de confiança após as derrotas fiscais recentes no Congresso.

Ademais, o mercado imobiliário recebe o anúncio com cautela, mas vê sinal positivo na abertura de novas fontes de crédito. Já analistas afirmam que o sucesso da medida dependerá do nível de adesão dos bancos privados e da manutenção dos juros estáveis nos próximos meses.

Por fim, a expectativa é de que, até o fim de 2026, o programa possa beneficiar mais de 1 milhão de famílias e fortalecer a base eleitoral do governo em regiões populares.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.