
- Shutdown ameaça travar dados cruciais, como o payroll, e amplia incertezas globais.
- Paralisações anteriores custaram bilhões à economia americana e pararam serviços básicos.
- Emergentes como o Brasil podem sofrer com dólar mais forte e menor apetite por risco.
Os Estados Unidos estão a poucas horas de uma possível paralisação do governo federal, com o impasse entre republicanos e democratas travando a votação de medidas de financiamento. Caso o shutdown se confirme, serviços considerados não essenciais serão interrompidos e milhares de funcionários federais ficarão sem pagamento até a resolução do bloqueio orçamentário.
O efeito imediato vai além de Washington. Se o Bureau of Labor Statistics não divulgar o relatório de empregos (payroll) nesta sexta-feira, os mercados globais perdem um dos principais termômetros da economia americana, aumentando a volatilidade e a incerteza dos investidores.
O que está em jogo no Congresso
O Senado deve votar hoje o projeto já aprovado pela Câmara, que garante recursos apenas até o final de novembro. No entanto, a proposta enfrenta bloqueio dos democratas, que exigem garantias para áreas sociais, e falta de votos republicanos para avançar.
Sendo assim, em meio ao impasse, o presidente Donald Trump convocou reunião emergencial com os líderes do Congresso.
Se não houver acordo até a meia-noite desta terça-feira (1º de outubro), o governo americano entrará em shutdown. Desse modo, o cenário pode se prolongar por dias ou até semanas, dependendo da resistência política de cada lado.
Consequências diretas para os EUA
Um shutdown paralisa serviços considerados não essenciais, como emissão de vistos e passaportes, inspeções alimentares, aprovação de empréstimos para pequenas empresas e funcionamento pleno de parques nacionais.
Além disso, benefícios sociais ficam sob risco de atraso, embora os pagamentos da Seguridade Social continuem ativos.
A última paralisação prolongada, entre 2018 e 2019, durou 35 dias e custou US$ 3 bilhões ao PIB americano, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO). Situações semelhantes também ocorreram em 2013 e 1995.
Impactos no mercado e no Brasil
O possível atraso do payroll, um dos indicadores mais aguardados pelos investidores, é considerado o ponto mais crítico para os mercados.
Ademais, a ausência desse dado aumenta a incerteza sobre os rumos da economia americana e pode provocar fortes oscilações em ações, câmbio e juros.
Para países emergentes como o Brasil, os efeitos tendem a vir pela via cambial. Em momentos de incerteza, o dólar se fortalece e pressiona moedas como o real, encarecendo importações e elevando os custos de empresas expostas ao câmbio.
Por fim, a volatilidade pode reduzir o apetite de investidores estrangeiros por ativos brasileiros, ampliando o risco no mercado local.