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EUA compram pesos e fecham swap de US$ 20 bilhões com Argentina para conter crise cambial

O raro movimento do Tesouro americano reforça o apoio ao governo de Javier Milei e impulsiona os mercados argentinos, com alta dos títulos e do peso.

Chip Somodevilla/Getty Images
Chip Somodevilla/Getty Images
  • EUA firmam swap de US$ 20 bilhões com a Argentina e compram pesos para apoiar o câmbio.
  • Peso argentino se valoriza 0,7%, e títulos da dívida sobem mais de 4 centavos.
  • Washington reforça laços com Milei e promete novos incentivos a investimentos.

Os Estados Unidos fecharam um acordo de swap cambial de US$ 20 bilhões com o Banco Central da Argentina, em um gesto raro de apoio direto a outro país. A iniciativa visa estabilizar o peso argentino e restaurar a confiança dos investidores, após semanas de forte desvalorização da moeda.

O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, anunciou nesta quinta-feira (9) a decisão e confirmou que o governo dos EUA comprará diretamente pesos argentinos. O movimento mostra o alinhamento entre Washington e o presidente argentino Javier Milei, num momento de turbulência política e fiscal em Buenos Aires.

Apoio direto e coordenação com o FMI

De acordo com Bessent, o Tesouro dos EUAestá preparado para agir imediatamente” e adotar medidas excepcionais para garantir a estabilidade dos mercados. Autoridades tomaram a decisão após se reunirem com o ministro da Economia argentino, Luis Caputo, e representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Com o acordo, a Argentina reforça suas reservas internacionais e ganha fôlego para conter a volatilidade cambial. O swap permite ao país trocar pesos por dólares de forma temporária, garantindo liquidez para honrar compromissos externos e financiar importações.

Bessent afirmou ainda que “a banda cambial da Argentina continua adequada”, rebatendo especulações de que Washington exigiria câmbio flutuante. Desse modo, a fala reforça o tom de cooperação e não de imposição, demonstrando que os EUA pretendem ajudar Milei sem interferir em suas políticas internas.

Reação dos mercados argentinos

A resposta dos mercados foi imediata. Os títulos da dívida Argentina em dólar avançaram mais de 4 centavos, e o peso argentino recuperou parte das perdas recentes, fechando o dia com alta de 0,7% frente ao dólar. Analistas classificaram a ação dos EUA como um divisor de águas para o país sul-americano.

Investidores estrangeiros acompanharam o alívio e voltaram a comprar papéis argentinos após semanas de queda. Além disso, segundo economistas, o apoio americano melhora as expectativas e reduz o risco de colapso cambial, ainda que de forma temporária.

Mesmo assim, o cenário segue delicado. Especialistas destacam que o sucesso da medida depende da manutenção da disciplina fiscal prometida por Milei. “Com equilíbrio orçamentário, as políticas argentinas se tornam sustentáveis”, disse Bessent em comunicado.

Relações bilaterais e novos investimentos

O acordo fortalece a aproximação diplomática entre Buenos Aires e Washington. Após o encontro entre Donald Trump e Javier Milei durante a Assembleia Geral da ONU, os dois governos intensificaram o diálogo para atrair investimentos americanos em setores estratégicos.

Autoridades do Tesouro afirmaram que os EUA estudam novas linhas de crédito via Exim Bank e incentivos para empresas americanas com interesse em energia e infraestrutura. Ademais, a Casa Branca também avalia parcerias industriais que podem criar empregos e acelerar a recuperação econômica da Argentina.

Para analistas, a operação tem um duplo efeito: ajuda a estabilizar a economia e reforça a influência dos EUA na América do Sul. Por fim, o gesto de confiança em Milei indica que Washington pretende manter presença ativa na região, num momento de reposicionamento geopolítico global.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.