
- Arminio Fraga chama política fiscal de Lula de suicida e alerta para risco de crise
- Ex-presidente do BC diz que desequilíbrio fiscal mantém juros altos e trava investimentos
- Economista afirma que sem ajuste o Banco Central não consegue equilibrar a economia
O ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga, fez críticas duras à condução fiscal do governo Lula. Em evento na Fundação FHC nesta segunda-feira (6), ele classificou a política fiscal como “suicida” e alertou para risco de crise econômica.
Segundo Fraga, os desequilíbrios atuais reduzem o espaço de ação do BC e obrigam a instituição a manter a Selic elevada. Para ele, o descontrole fiscal impede cortes de juros e alimenta a percepção de risco entre investidores.
Política fiscal trava juros e investimentos
Durante a palestra, Fraga destacou que o fiscal é hoje o principal problema da economia brasileira. Ele afirmou que as taxas de juros são um reflexo claro da fragilidade das contas públicas.
Além disso, ele lembrou que projetos recentes de isenção de impostos ampliam o risco. Na visão do economista, essas medidas são incoerentes, pressionam ainda mais as taxas e prejudicam a credibilidade do governo.
De acordo com Fraga, o atual cenário encurta horizontes, afasta investimentos e eleva a incerteza. “O prêmio de risco embutido no fiscal assusta e encarece o capital produtivo”, disse.
Risco de crise aumenta sem ajuste
Fraga reforçou que sem uma guinada fiscal o país pode enfrentar uma crise de grandes proporções. Ele afirmou que há espaço para melhorar, mas sem correção de rumo o risco cresce de forma significativa.
O ex-presidente do BC destacou que o Banco Central não consegue equilibrar a economia sozinho. Segundo ele, é necessário que o governo federal dê sinais claros de ajuste fiscal.
Caso contrário, o país seguirá em uma política que, segundo suas palavras, é “meio esquizofrênica”, em que a autoridade monetária age de um lado, mas o Executivo segue na direção oposta.
Mercado em alerta
A fala de Fraga ocorre em meio à crescente desconfiança do mercado financeiro. Investidores já manifestam preocupação com a trajetória fiscal e questionam a capacidade do governo de conter gastos.
Além disso, o risco fiscal mantém a curva de juros pressionada, o que afeta o crédito e o investimento privado. A consequência é um cenário de baixo crescimento e mais volatilidade.
Para economistas, o alerta de Fraga reforça a necessidade de reformas que tragam previsibilidade. Só assim o Brasil poderá reduzir a Selic sem comprometer a estabilidade.