
- FMI prevê PIB do Brasil em 2,4% e inflação de 4,9%, acima da meta do Banco Central.
- O tarifaço dos EUA afetará apenas 36% das exportações brasileiras, limitando seu impacto sobre o comércio exterior do país.
- País deve crescer menos, mas segue resiliente e protegido pela diversificação comercial.
O FMI afirmou que o tarifaço dos Estados Unidos terá impacto pequeno na economia brasileira. A instituição destacou a escalada do protecionismo no comércio global. O relatório, publicado nesta sexta-feira na edição de outubro do Regional Economic Outlook para o Hemisfério Ocidental, destaca que o Brasil mantém resiliência e capacidade de adaptação diante do novo cenário internacional.
Ainda assim, o PIB brasileiro deve desacelerar neste ano, refletindo uma combinação de política monetária restritiva, redução dos estímulos fiscais e maior incerteza global. O FMI projeta um crescimento de 2,4%, abaixo do observado em 2024, e vê inflação em 4,9%, superando o teto da meta do Banco Central.
Efeito limitado do tarifaço sobre o Brasil
De acordo com o FMI, os impactos das tarifas norte-americanas sobre o Brasil serão modestos. Isso ocorre porque os Estados Unidos respondem por cerca de 12% das exportações brasileiras, ficando atrás da China (30%) e da União Europeia (14%).
Além disso, apenas 36% dos produtos exportados aos EUA estão entre os itens afetados pelas novas tarifas. Grande parte deles é composta por commodities, como minério de ferro, petróleo e produtos agrícolas, que podem ser redirecionadas para outros mercados sem perdas expressivas de receita.
O documento reforça que a diversificação da pauta exportadora e a maior integração com a Ásia têm protegido o país de choques externos vindos do Ocidente. Para o FMI, essa flexibilidade é um dos principais fatores da resiliência econômica brasileira.
Crescimento mais fraco e incertezas externas
Mesmo com o impacto limitado das tarifas, o ritmo da economia brasileira tende a perder força. A estimativa de crescimento de 2,4% em 2025 reflete a queda no consumo das famílias, o menor investimento privado e a política monetária ainda restritiva mantida pelo Banco Central.
O relatório também cita que o ajuste fiscal do governo e a redução dos gastos públicos devem contribuir para a moderação do PIB. No cenário externo, o recrudescimento das disputas comerciais e o aumento das taxas de juros globais seguem como riscos adicionais.
Ainda assim, o FMI ressalta que o Brasil se destaca positivamente entre as economias emergentes, sustentando níveis razoáveis de emprego e produção industrial.
Inflação acima da meta e desafios para 2026
O Fundo prevê inflação de 4,9% para o Brasil em 2025, ligeiramente acima do intervalo de tolerância do Banco Central, que vai de 1,5% a 4,5%. O relatório aponta que a alta de alimentos e energia, além da volatilidade cambial, tende a pressionar os preços no curto prazo.
Apesar disso, o FMI considera que a política de juros altos tem sido eficaz em conter pressões inflacionárias mais severas. O desafio, no entanto, será manter o equilíbrio entre o controle da inflação e o incentivo ao crescimento econômico sem comprometer o arcabouço fiscal.
A instituição conclui que, mesmo com um cenário global mais turbulento, o Brasil segue bem posicionado e deve manter estabilidade macroeconômica se continuar com disciplina fiscal e política monetária responsável.