
A economia brasileira está “fora de sincronia” com o resto do mundo e corre risco de travar se não passar por um grande ajuste estrutural. O alerta veio do banco Goldman Sachs, um dos maiores e mais influentes de Wall Street, em relatório divulgado nesta quinta-feira (18), causando preocupação entre analistas e investidores.
Segundo o economista-chefe para América Latina da instituição, Alberto Ramos, o Brasil enfrenta um desequilíbrio macroeconômico perigoso, com excesso de gastos públicos, baixa produtividade e um ambiente hostil ao investimento privado. Para ele, o país está descolado das boas práticas econômicas globais e pode entrar em uma rota de estagnação se nada for feito rapidamente.
“O Brasil está operando fora de sincronia com o resto do mundo e precisa de uma correção significativa para restaurar equilíbrio e competitividade”, alertou o banco no documento.
Juros altos, crédito travado e baixa produtividade
O relatório destaca que, mesmo com a Selic em 10,5%, o Brasil continua convivendo com inflação elevada e crédito caro, o que limita o consumo e o investimento. Além disso, a produtividade segue estagnada, refletindo um ambiente de negócios engessado, alta carga tributária e políticas públicas ineficientes.
O Goldman Sachs aponta que o setor público tem sido um dos principais entraves, com gastos rígidos, expansão do déficit primário e pouca disposição política para reformas. A nova política industrial do governo Lula, por exemplo, é vista com desconfiança pelos analistas internacionais, que enxergam riscos de desperdício e distorções econômicas.
“Sem reformas estruturais profundas, como uma revisão do gasto público, abertura comercial e modernização regulatória, o país não conseguirá crescer de forma sustentável”, resume o texto.
Governo Lula na mira dos investidores
A crítica vem em um momento de crescente apreensão sobre a condução econômica do governo. Com a arrecadação fragilizada e promessas de aumento de impostos, o Executivo tem optado por medidas intervencionistas para tentar estimular o crescimento — estratégia que, segundo o Goldman, está fadada ao fracasso se não vier acompanhada de ajustes reais.
Os analistas também criticam a perda de credibilidade fiscal, especialmente após os frequentes recuos em cortes de gastos e o uso de receitas extraordinárias para maquiar as contas públicas. Isso tem pressionado o câmbio, os juros futuros e aumentado o prêmio de risco exigido pelos investidores.
Sinal de alerta para o futuro
A avaliação do Goldman Sachs ecoa preocupações já levantadas por outras instituições, como o FMI e o Banco Mundial. A diferença, agora, é o tom mais direto e alarmante usado pelo banco americano, que sinaliza uma possível fuga de capital caso o país não sinalize mudanças concretas.
A recomendação é clara: o Brasil precisa ajustar sua estrutura econômica, recuperar a confiança dos mercados e promover reformas que destravem o crescimento. Caso contrário, poderá mergulhar em mais uma década perdida.
RESUMO EM 3 PONTOS:
- Goldman Sachs afirma que o Brasil está “fora de sincronia” e exige ajuste estrutural urgente.
- Gastos públicos excessivos, baixa produtividade e desconfiança sobre a política econômica estão no centro da crise.
- Se nada for feito, o país pode enfrentar fuga de capitais e mais um ciclo de estagnação econômica.