
- Todo o direcionamento da poupança vai para o SFH, com juros limitados a 12% + TR.
- Bancos privados alertam que a medida pode encarecer o crédito e reduzir a oferta.
- Governo estima injeção de até R$ 20 bilhões, mas depende da adesão do setor financeiro.
O governo Lula vai lançar nesta sexta-feira (10) um novo modelo de crédito imobiliário, que altera o direcionamento da poupança e estabelece um teto de juros para financiamentos habitacionais.
A proposta, que será avaliada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), promete liberar até R$ 20 bilhões na economia. Porém, bancos privados alertam que a medida pode gerar o efeito oposto: encarecer o crédito e reduzir a oferta para os consumidores.
Como funciona a mudança
Atualmente, 65% da poupança vai para o crédito imobiliário, 20% fica retido no Banco Central e 15% pode ser usado livremente pelos bancos. Com a alteração, todo o direcionamento passa a ir para o Sistema de Financiamento Habitacional (SFH), que tem juros limitados a 12% mais TR e teto de R$ 1,5 milhão por imóvel.
Isso significa que o Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), usado para imóveis de maior valor e sem limite de taxa, perde espaço. Para os bancos, a mudança reduz a flexibilidade de gestão do funding e pode afastar investidores privados.
O governo defende que o modelo garante previsibilidade para famílias de baixa e média renda, além de sustentar a expansão do crédito habitacional em um cenário de poupança em queda.
Reação dos bancos
Instituições privadas avaliam que a medida deve levar ao aumento da dependência da Caixa Econômica Federal, principal agente do setor. Para compensar, devem concentrar seus esforços em linhas mais rentáveis do SFI.
A possibilidade de “vender” o direcionamento obrigatório à Caixa já existe, mas deve ganhar força com as novas regras. Isso, no entanto, tende a restringir o crédito para parte da população, que enfrentará condições mais duras.
Para o setor, o risco é claro: sem liberdade para mesclar recursos da poupança com outras fontes, como LCIs, o crédito pode ficar mais caro e os prazos de financiamento mais curtos.
Expectativas e próximos passos
O governo projeta que o novo modelo injete ao menos R$ 20 bilhões no mercado, com destaque para os bancos públicos. No entanto, especialistas afirmam que o valor depende da disposição das instituições privadas em aderir à sistemática.
Para reduzir resistências, o plano prevê um período de transição de 12 meses, no qual o modelo atual e o novo devem coexistir. A intenção é minimizar impactos e dar tempo para ajustes no sistema.
Além disso, o lançamento deve vir acompanhado de um programa de reforma de moradias, voltado a três faixas de renda. As taxas devem variar de 1,17% a 1,95% ao mês para famílias de baixa e média renda, valores considerados mais acessíveis do que os propostos inicialmente.