Política monetária

Haddad ataca Selic e Galípolo chama críticas de “um luxo”

Presidente do Banco Central surpreende ao elogiar falas duras da equipe econômica sobre juros de 15%.

Gabriel Galípolo, Presidente do Banco Central - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Gabriel Galípolo, Presidente do Banco Central - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
  • Haddad chamou Selic de injustificável, mas evitou atacar Galípolo
  • Ceron disse que os juros “machucam”, mas elogiou o BC
  • Galípolo classificou críticas como “um luxo” e reforçou autonomia

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reagiu de forma inesperada às críticas da equipe econômica sobre a taxa Selic em 15%. Em vez de rebater, ele disse que considera as declarações de Fernando Haddad e Rogério Ceron um “luxo”, destacando a “delicadeza e educação” usadas nas críticas.

O tom chamou atenção no mercado, já que Haddad afirmou nesta semana que não é “justificável” manter a Selic tão alta e Ceron disse que os juros “machucam” a economia. Ambos, porém, evitaram ataques diretos a Galípolo, preservando a relação institucional.

Haddad pressiona, mas evita confronto

Na terça-feira (23), após a divulgação da ata do Copom, o ministro da Fazenda voltou a insistir em cortes de juros. Para Haddad, os 15% da Selic pesam sobre a atividade e não têm mais justificativa econômica.

Apesar do tom crítico, o ministro poupou Galípolo e atribuiu a situação à herança de um momento de crise. O movimento foi visto como pressão política, mas também como tentativa de manter o diálogo aberto com o BC.

Ceron fala em “dor” dos juros altos

Na quarta-feira (24), o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, reforçou as críticas. Ele afirmou que a Selic elevada “não é saudável” e “machuca” empresas e famílias, restringindo o crédito e o crescimento.

Ainda assim, Ceron elogiou a condução técnica da política monetária. O recado foi de desconforto com os juros, mas sem romper pontes com a autoridade monetária.

Galípolo reforça autonomia do BC

Na coletiva desta quinta-feira (25), Galípolo destacou que a autonomia do BC não significa ausência de críticas. Ele disse que é natural ouvir opiniões de economistas e do próprio ministro da Fazenda.

“O que Haddad e Ceron fizeram foi um luxo. Comentaram com delicadeza e educação, o que ajuda no debate público”, afirmou. Com isso, sinalizou que não vê confronto, mas espaço para diálogo.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.