
- Haddad disse que “a sociedade não paga R$ 0,01 a mais de imposto” com a reforma.
- Fim da desoneração da folha e do Perse foi classificado como corte de gasto tributário.
- Ministro afirmou que alta da Selic a 15% não se deve apenas ao ambiente fiscal.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (23) que a sociedade “não está pagando R$ 0,01 a mais de imposto” com a reforma tributária em andamento. Segundo ele, o impacto recai somente sobre quem antes não contribuía.
A declaração ocorreu durante o Macro Day 2025, promovido pelo BTG Pactual, e serviu como resposta direta às críticas de que o governo estaria buscando aumentar a arrecadação em meio ao ajuste fiscal.
O que aconteceu
Haddad defendeu as medidas adotadas pelo governo e destacou o fim da desoneração da folha de pagamentos e do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos). Para ele, essas mudanças não representam aumento de impostos, mas sim cortes de benefícios fiscais.
Além disso, o ministro criticou a cobertura da imprensa. “O que você vê estampado nos jornais? Que o governo só pensa em arrecadar. Não é verdade. Estamos deixando a maior reforma tributária já feita na história do Brasil”, afirmou.
Nesse sentido, ele ainda rebateu o discurso de que o país vive uma “fúria arrecadatória”. Segundo Haddad, essa fase já aconteceu em momentos anteriores, como durante a ditadura militar e no início do Plano Real.
O que Haddad argumenta
Na avaliação do ministro, o atual momento não é comparável ao passado, já que o governo busca apenas repor recursos perdidos nas últimas duas décadas. Assim, ele argumenta que a recomposição da base fiscal é fundamental para garantir a sustentabilidade das contas públicas.
Ele também lembrou que o Orçamento herdou mais de R$ 70 bilhões em despesas adicionais, oriundas de mudanças no BPC e no Fundeb. Esse valor corresponde a 0,5 ponto do PIB e pressiona a necessidade de ajuste.
Por isso, Haddad defendeu que o Executivo não pode atuar sozinho. Ele cobrou a participação do Legislativo e do Judiciário para que o arcabouço fiscal ganhe robustez e possa ser mantido no longo prazo.
Juros altos e cenário econômico
Ao tratar da política monetária, Haddad afirmou que a Selic em 15% ao ano não pode ser explicada apenas pelo ambiente fiscal. Embora reconheça o peso das contas públicas, ele destacou que inflação e câmbio também influenciam.
Contudo, o ministro se mostrou otimista com os próximos meses. Para ele, a inflação tende a perder força e o real deve se valorizar, criando espaço para uma redução gradual da taxa de juros.
Dessa forma, Haddad disse acreditar que 2026 pode marcar o início de uma trajetória mais sustentável para a economia, com juros mais baixos e maior previsibilidade.