Dura realidade

Inadimplência explode e número de famílias sem condições de pagar dívidas é o maior da história

Pesquisa da CNC revela recorde preocupante: 13% das famílias já admitem não conseguir honrar compromissos financeiros.

carteira vazia
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  • Inadimplência atinge 30,5% das famílias, recorde histórico da pesquisa da CNC.
  • 13% das famílias dizem não ter condições de pagar dívidas, maior índice desde 2010.
  • Juros elevados prolongam atrasos e reduzem consumo, travando o crescimento econômico.

O endividamento das famílias brasileiras atingiu um nível alarmante em setembro. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela CNC, 30,5% das famílias estão inadimplentes, o maior percentual já registrado.

Mais grave ainda, o estudo mostra que 13% das famílias afirmam não ter qualquer condição de pagar suas dívidas, o maior índice desde o início da série histórica, em 2010. Esse dado expõe a pressão dos juros altos e o aperto no orçamento doméstico.

Recorde histórico acende alerta econômico

A nova marca da inadimplência preocupa porque revela uma tendência persistente de fragilidade financeira. O endividamento compromete, em média, um terço da renda familiar, segundo os dados. O peso dos débitos deixa menos espaço para gastos básicos e compromete o consumo, que é um dos motores da economia.

A pesquisa ainda mostra que quase metade das famílias inadimplentes permanece nessa situação há mais de 90 dias. Esse dado reforça que não se trata apenas de atraso pontual, mas de um ciclo prolongado de endividamento.

Economistas avaliam que, sem uma queda consistente dos juros, a capacidade das famílias de renegociar dívidas continuará limitada. Isso cria um risco de estagnação para o consumo nos próximos meses.

Impacto dos juros altos nas famílias

A taxa de juros elevada é vista como o principal fator que agrava a crise de inadimplência. Com o crédito mais caro, as dívidas acumulam encargos que tornam cada vez mais difícil sair do vermelho.

Além disso, o encarecimento das linhas de financiamento atinge especialmente os consumidores de baixa renda, que dependem do crédito para manter despesas básicas. Esse grupo é o mais vulnerável e o mais afetado pela escalada do endividamento.

Portanto, segundo a CNC, a tendência atual é de um aumento da pressão sobre as famílias, especialmente em um cenário de inflação que ainda impacta produtos essenciais.

Perspectivas e riscos para a economia

A permanência de um alto índice de famílias inadimplentes preocupa também o comércio. Com o consumidor gastando mais da renda no pagamento de dívidas, sobra menos para compras, o que afeta diretamente o varejo e serviços.

Ao mesmo tempo, os bancos endurecem as condições de crédito, criando um círculo vicioso: menos acesso a financiamento, menos consumo e maior dificuldade para as famílias saírem da inadimplência.

Para especialistas, o desafio agora é encontrar um equilíbrio entre o combate à inflação e a preservação da capacidade de consumo. Por fim, sem medidas de alívio, a tendência é de que os recordes de endividamento continuem.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.