
- Abiarroz alerta que tarifa de 50% pode gerar prejuízo de US$ 25 milhões por ano
- EUA representaram 19% do valor exportado de arroz branco em 2024
- Entidade pede diplomacia e ação rápida do governo brasileiro
A Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) soou o alarme nesta sexta-feira (11) ao alertar que a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos pode causar uma perda anual de até US$ 25 milhões ao setor. Sendo assim, o impacto se concentra especialmente nas exportações de arroz branco beneficiado, produto de maior valor agregado.
Além disso, segundo a entidade, os EUA foram responsáveis por absorver 19% do valor exportado desse tipo de arroz em 2024, tornando-se um dos destinos mais relevantes para a indústria brasileira. Agora, com a taxação, o temor é que o Brasil perca competitividade num mercado-chave.
Setor vê dependência do mercado americano
Em nota oficial, a Abiarroz reforça que o Brasil não possui a mesma flexibilidade que os EUA para redirecionar sua produção. Enquanto os norte-americanos podem substituir o arroz brasileiro por fornecedores de outras origens, os produtores brasileiros dependem da continuidade dessa relação comercial para manter volumes relevantes de exportação.
Ademais, a associação destaca que o arroz branco beneficiado, ao contrário de produtos de menor valor, representa uma fatia estratégica das exportações nacionais. Trata-se de um alimento com maior valor agregado, o que significa margens mais altas e papel importante para a sustentabilidade econômica do setor.
Diante disso, a aplicação da tarifa representa não apenas um desafio comercial, mas um risco real de encolhimento de receita e perda de mercado, especialmente em um contexto no qual os custos logísticos e operacionais seguem elevados.
Diplomacia é vista como chave para evitar crise
A Abiarroz pede que o governo brasileiro adote uma postura firme, porém estratégica. Na avaliação da entidade, é preciso apostar em ações de diplomacia e negociação direta com os EUA, antes que as tarifas entrem em vigor em 1º de agosto, como anunciado por Donald Trump.
Além disso, segundo a nota, “é fundamental que as autoridades adotem uma postura diligente e altiva, mas também cautelosa”, levando em conta a vulnerabilidade de cadeias produtivas como a do arroz. O setor teme que a reação brasileira seja lenta ou ineficaz diante da gravidade da medida.
Apesar do tom de alerta, a entidade considera que ainda há tempo para contornar o problema. Negociações bilaterais, inclusive no âmbito do Itamaraty, podem ajudar a atenuar ou até suspender a medida, especialmente se aliados comerciais dos EUA também se manifestarem.
Exportações agrícolas sob pressão crescente
A medida afeta diretamente um dos segmentos mais tradicionais do agronegócio nacional. Os exportadores brasileiros enviam principalmente o arroz beneficiado para mercados exigentes, como os EUA, que reconhecem a qualidade do produto. Em 2024, esse país representou quase um quinto da receita total com esse tipo de arroz.
Ademais, o impacto da tarifa não se limita aos produtores rurais. Indústrias processadoras, cooperativas e empresas de logística também devem sentir os efeitos da retração comercial, o que poderá provocar ajustes em toda a cadeia. Caso o cenário se confirme, será difícil para o setor substituir, a curto prazo, o volume absorvido pelos EUA.
Vale lembrar que o arroz brasileiro enfrenta competição crescente de países como Tailândia, Índia e Vietnã. Por fim, com a imposição de tarifas, os importadores americanos tendem a migrar para alternativas mais baratas, comprometendo contratos já existentes com o Brasil.