
- Inflação dos EUA sobe 3,0%, abaixo das expectativas de 3,1%, e reforça cenário de cortes.
- Fed deve reduzir juros três vezes seguidas, começando na próxima semana.
- Mercado projeta taxa entre 3,75% e 4,00% até o fim do ano.
A inflação abaixo das projeções nos Estados Unidos reforçou a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) continuará cortando os juros nas próximas reuniões. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) subiu 3,0% em 12 meses até setembro, abaixo dos 3,1% esperados, segundo o Departamento do Trabalho.
O resultado deu força à visão de que a desinflação está firme, permitindo ao banco central afrouxar a política monetária sem reacender pressões inflacionárias. O mercado agora vê quase 100% de chance de um corte na reunião da próxima semana.
Três cortes à vista
Os investidores apostam que o Fed fará três reduções consecutivas de 0,25 ponto percentual, começando na reunião de outubro. Após o dado, os contratos futuros passaram a precificar probabilidade total de que os juros caiam para a faixa de 3,75% a 4,00%.
A possibilidade de novo corte em dezembro subiu para 95%, e o mercado já projeta 55% de chance de outro ajuste em janeiro. Assim, o movimento marca uma mudança de tom em relação a setembro, quando parte dos operadores ainda via o Fed mais cauteloso.
Portanto, o recuo da inflação, somado à desaceleração do consumo e do mercado de trabalho, abre espaço para um ciclo de cortes mais agressivo no início de 2026.
Analistas veem Fed confortável com inflação perto de 3%
Economistas afirmam que o Fed pode tolerar inflação próxima de 3% nos próximos meses, desde que o ritmo de desaceleração continue. “Por mais estranho que pareça, o Fed ficará feliz com a inflação em torno de 3% por algum tempo”, disse Olu Sonola, chefe de pesquisa econômica dos EUA da Fitch Ratings.
A leitura também indica que a política monetária restritiva aplicada desde 2022 começa a surtir efeito sem impactar fortemente o emprego. Além disso, o Fed deve usar esse espaço para suavizar o aperto e estimular a atividade de forma gradual.
Ainda assim, autoridades monetárias alertam que o caminho até a meta de 2% exigirá cautela. “O risco de cortar demais e reacender pressões inflacionárias ainda existe”, reforçou um relatório da Bloomberg Economics.
Reação dos mercados
Após o CPI, os rendimentos dos Treasuries caíram, refletindo o alívio das expectativas inflacionárias. O dólar também recuou ante moedas emergentes, enquanto os índices futuros de Wall Street abriram em alta.
Ademais, os investidores veem o relatório como um marco no ciclo de política monetária, consolidando a transição de uma postura agressiva para uma fase de ajustes graduais.
Para os analistas, o Fed agora busca equilíbrio: conter a inflação sem comprometer o crescimento econômico. Por fim, caso os próximos dados confirmem a tendência, a política de juros mais baixos deve se estender ao longo de 2026.