
- IPCA-15 sobe 0,18%, abaixo dos 0,25% esperados, com energia elétrica em queda de 1,09%.
- Inflação acumulada em 12 meses cai para 4,94%, menor desde maio.
- Selic permanece em 15%, e o BC prevê convergência à meta só em 2028.
O IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,18% em outubro, segundo o IBGE, abaixo da estimativa de 0,25% projetada pela Reuters. O resultado foi influenciado pela queda na energia elétrica residencial e pela moderação nos preços de alimentos, mesmo com pressão dos combustíveis.
Com o dado, a inflação acumulada em 12 meses caiu para 4,94%, ante 5,32% em setembro. O número ficou abaixo da projeção de 5,01%. O resultado indica que a desinflação continua em curso. O índice ficou abaixo de 5% pela primeira vez em quatro meses.
Energia e habitação aliviam o índice
O grupo Habitação foi o principal fator de alívio no mês, com alta de apenas 0,16%, ante 3,31% em setembro. A energia elétrica residencial recuou 1,09%, após o salto de 12,17% no mês anterior.
A mudança da bandeira tarifária vermelha patamar 2 para vermelha patamar 1 reduziu o custo adicional para R$ 4,46 a cada 100 kWh, o que contribuiu diretamente para a queda da conta de luz. O efeito compensou parte do avanço em transportes, influenciado pelo aumento dos combustíveis.
O Banco Central afirmou recentemente que a inflação de energia deve continuar desacelerando até o fim do ano. Desse modo, o movimento deve consolidar a queda da taxa anual.
Combustíveis ainda pressionam, mas menos
O grupo Transportes subiu 0,41% em outubro, após queda de 0,25% em setembro. O destaque foi o aumento nos combustíveis, com alta média de 1,16%, puxada por etanol (3,09%), gasolina (0,99%) e diesel (0,01%), enquanto o gás veicular recuou 0,40%.
Além disso, as passagens aéreas também voltaram a subir, com avanço de 4,39%. Mesmo assim, a pressão deve diminuir nas próximas leituras: a Petrobras (PETR4) anunciou redução de 4,9% no preço médio da gasolina nas refinarias a partir de 21 de outubro, o que tende a impactar o IPCA cheio de novembro.
Portanto, o cenário mais estável no preço do petróleo e a maior oferta interna de etanol também devem contribuir para reduzir a volatilidade dos combustíveis nas próximas medições.
Alimentação desacelera e BC mantém postura firme
O grupo Alimentação e Bebidas teve recuo de 0,02%, após queda de 0,35% em setembro. No domicílio, os preços caíram 0,10%, com destaque para cebola (-7,65%), ovos (-3,01%), arroz (-1,37%) e leite longa vida (-1,00%). Em contrapartida, houve altas em óleo de soja (4,25%) e frutas (2,07%).
O Banco Central manteve a taxa Selic em 15% e sinalizou que o país entrou em um novo estágio de política monetária, com juros altos por mais tempo. Ademais, segundo a autoridade monetária, a inflação deve convergir à meta de 3% apenas no primeiro trimestre de 2028.
Por fim, o Boletim Focus mais recente mostra projeções de 4,70% para a inflação de 2025, confirmando que o ritmo de desinflação é gradual, mas consistente.