
- IPCA sobe 0,48% em setembro, abaixo da projeção de 0,52%.
- Energia elétrica dispara 10,31% e responde por 85% da alta do mês.
- Sem o impacto da energia, a economia registraria inflação de 0,08%, indicando um cenário mais estável.
A inflação oficial do país subiu 0,48% em setembro, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (9) pelo IBGE, após a deflação registrada em agosto (-0,11%). No acumulado de 12 meses, o IPCA avançou 5,17%, abaixo da expectativa de mercado, que previa alta de 0,52% no mês e 5,22% no ano.
Apesar da surpresa positiva, o resultado foi fortemente influenciado pela alta da energia elétrica, que voltou a ser o principal fator de pressão no índice. A disparada impediu que a inflação apresentasse uma desaceleração mais expressiva no início do último trimestre.
Energia elétrica volta a ser “vilã” do mês
O preço da energia elétrica residencial subiu 10,31% em setembro, respondendo sozinho por 0,41 ponto percentual do IPCA. Sendo assim, o movimento reflete o fim do Bônus de Itaipu, que havia reduzido as tarifas em agosto, e a manutenção da bandeira vermelha patamar 2, que adiciona R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.
Com isso, o grupo Habitação apresentou a maior alta entre os nove grupos pesquisados, com variação de 2,97%, contribuindo com 0,45 ponto percentual no índice geral, o maior aumento para setembro desde 1995.
No acumulado de 2025, a energia elétrica já subiu 16,42%, com impacto de 0,63 ponto percentual na inflação. Portanto, em 12 meses, o avanço é de 10,64%, consolidando o item como o maior peso da cesta de consumo.
Combustíveis e lazer sobem; alimentos aliviam
O grupo Despesas pessoais subiu 0,51%, puxado por pacotes turísticos (2,87%) e lazer fora de casa, como cinema e teatro (2,75%). Já Transportes teve leve alta de 0,01%, com destaque para o avanço de 0,87% nos combustíveis, especialmente etanol (2,25%) e gasolina (0,75%).
Por outro lado, Alimentação e bebidas registrou queda de 0,26%, a quarta consecutiva. O recuo foi puxado por produtos in natura, como tomate (-11,52%), cebola (-10,16%), alho (-8,70%) e arroz (-2,14%). Além disso, a alimentação fora de casa também desacelerou, de 0,50% para 0,11%.
Por fim, os grupos Comunicação (-0,17%) e Artigos de residência (-0,40%) apresentaram deflação, enquanto Vestuário (0,63%) e Saúde e cuidados pessoais (0,17%) tiveram altas moderadas.
Serviços desaceleram e inflação fica concentrada em monitorados
O grupo de serviços, considerado o mais sensível à renda e ao emprego, desacelerou de 0,39% em agosto para 0,13% em setembro. Já os preços monitorados, que incluem energia e combustíveis, avançaram 1,87%, impulsionando o índice geral.
Segundo o IBGE, o índice de difusão, que mede a proporção de itens com alta de preços, caiu de 57% para 52%, sinalizando perda de fôlego inflacionário. O instituto destacou que, sem o impacto da energia elétrica, o IPCA teria sido de apenas 0,08%.
Entre as capitais, São Luís teve a maior variação, de 1,02%, impulsionada pelo aumento de 27,30% na energia elétrica. Salvador registrou o menor índice, com 0,17%, beneficiada pela queda no tomate e no seguro de veículos.
INPC também acelera
O INPC, que mede a inflação das famílias com renda mais baixa, subiu 0,52% em setembro, após alta de 0,20% em agosto. O acumulado em 12 meses chegou a 5,10%.
Ademais, o principal impacto veio dos produtos não alimentícios, que avançaram 0,80%. Os alimentos, por outro lado, mostraram deflação e ajudaram a conter parte da pressão sobre o índice das famílias mais pobres.
Por fim, especialistas apontam que o cenário de energia cara e combustíveis em alta deve manter a inflação pressionada no curto prazo, mas sem risco imediato de descontrole.