Pequena deflação

IPCA surpreende em agosto e pode mexer com os planos do Banco Central

Inflação recua, mas menos que o esperado, e abre espaço para cautela nos juros e incerteza no mercado.

Crédito: Depositphotos.
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  • IPCA teve deflação de 0,11% em agosto, menos intensa que o esperado
  • Energia, alimentos e combustíveis puxaram a queda do índice
  • Serviços seguem pressionados, reforçando cautela com a Selic

A prévia oficial da inflação brasileira trouxe deflação em agosto, mas abaixo do que o mercado projetava. O IPCA caiu 0,11%, contra estimativa de -0,15%. No acumulado de 12 meses, a taxa ficou em 5,13%, ligeiramente acima do consenso de 5,09%.

O dado foi suficiente para gerar alívio pontual, mas também acendeu dúvidas sobre o ritmo de queda da Selic. Analistas destacam que os preços de serviços seguem pressionados, mesmo diante da desaceleração em energia e alimentos.

Queda puxada por energia e alimentos

A maior contribuição negativa veio do grupo Habitação (-0,90%), com destaque para a energia elétrica residencial, que recuou 4,21%. O item sozinho retirou 0,17 p.p. do índice.

Na alimentação, a deflação foi de 0,46%, com destaque para tomate (-13,39%), cebola (-8,69%) e batata inglesa (-8,59%). Além disso, o aumento da oferta ajudou a segurar os preços.

Desse modo, o grupo Transportes (-0,27%) também pesou, puxado pela queda na gasolina (-0,94%) e nas passagens aéreas (-2,44%).

O que preocupa investidores

Apesar da deflação, o índice de difusão subiu de 50% para 57%, mostrando que mais itens tiveram alta. Esse dado preocupa, porque indica uma pressão mais espalhada na economia.

Ademais, serviços, educação e saúde seguem avançando, limitando o espaço para cortes mais agressivos na taxa Selic. O setor de vestuário também registrou alta de 0,72%, reforçando a leitura de inflação persistente.

Por fim, para o mercado o alívio nos preços pode ser apenas temporário. A avaliação é de que o Banco Central seguirá cauteloso, mantendo um ritmo lento de flexibilização monetária.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.