
- Levantamento mostra que os governos Lula concentram as maiores médias de juros do século
- Economistas atribuem o nível elevado ao juro neutro global mais alto e à política fiscal expansionista
- Corte sustentável de gastos aparece como caminho para reduzir a Selic e reancorar expectativas
A média da taxa básica voltou ao centro do debate. Um levantamento com dados do Banco Central, mostra que os governos de Luiz Inácio Lula da Silva concentram três das cinco maiores médias de juros do século.
No recorte atual, a Selic roda em média de 12,5%. No passado, o recorde ficou no primeiro mandato do petista, com 18,7%, ligeiramente acima de 18,6% nos dois últimos anos de FHC.
O que mostram os números
O ranking histórico reforça a disputa política. Depois do pico de Lula 1, aparecem Dilma 2 com 13,8% e, logo adiante, o ciclo atual de Lula 3 com 12,5%.
Na sequência, surgem Lula 2 com 11,1%, Michel Temer com 10,9% e Dilma 1 com 9,9%. Por fim, o período de Jair Bolsonaro registra a menor média do século, em 6,6%.
Desse modo, a metodologia usa as decisões do Copom em cada governo. Assim, o estudo permite comparar gestões sob o mesmo critério.
Por que a Selic ficou alta
Economistas citam dois motores. Primeiro, o juro neutro subiu no mundo depois da pandemia, já que governos expandiram gasto e ampliaram o prêmio de risco.
Além disso, analistas enxergam política doméstica mais expansionista, com isenções, crédito direcionado e programas sociais maiores. Desse modo, as expectativas de inflação perderam âncora.
Para o mercado, o Banco Central reage elevando o custo do dinheiro. Portanto, a autoridade monetária segura a demanda e tenta preservar a meta de preços.
O que precisa mudar
Especialistas defendem ajuste no fiscal. Eles pedem corte permanente de despesas para liberar a política monetária e reduzir a taxa de equilíbrio.
Enquanto isso, a atividade segue sensível à curva de juros. Assim, cada sinal de gasto extra pressiona a dívida e alonga o ciclo de aperto.
Por fim, uma melhora estrutural pode abrir espaço para juros menores. Se o governo entregar credibilidade, o prêmio cai e a economia respira.