Lições ao Brasil

O que Milei fez na Argentina que até Armínio Fraga diz que o Brasil deveria copiar

Armínio Fraga diz que a queda da inflação na Argentina já é um fato e que o Brasil “brinca com fogo” ao adiar ajustes; ex-BC vê lições do “experimento argentino” para a política fiscal e monetária brasileira.

Milei
Crédito: Depositphotos

O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga afirmou que Javier Milei conseguiu derrubar a inflação na Argentina e que há recados claros para o Brasil, que estaria “brincando com fogo” ao postergar reformas e disciplina fiscal. Para o economista, o ajuste duro feito em Buenos Aires tem efeitos já mensuráveis, enquanto Brasília perde tempo com ruídos e ensaios de flexibilização.

Fraga — que apoiou Lula em 2022 e mantém posições críticas à desorganização fiscal — avalia que a combinação de foco no equilíbrio das contas e política monetária crível foi decisiva para arrefecer a inflação mensal argentina neste ano. Projeções externas também apontam desinflação rápida, com estimativas de inflação abaixo de 25% em 2025 e perto de 10% em 2026 no país vizinho, se o ajuste continuar.

O que Fraga disse — e por que isso atinge Brasília

O experimento argentino traz lições importantes também para o Brasil.” A fala de Fraga mira diretamente o debate interno sobre gastos públicos, ancoragem de expectativas e resistência a cortes. Na leitura do ex-BC, empurrar problemas com a barriga ameaça juros estruturalmente mais altos e crescimento anêmico. Tradução prática: sem disciplina, o real paga o preço e o mercado ajusta no câmbio e nas curvas de juros.

Nos últimos meses, indicadores argentinos começaram a virar, com a inflação mensal recuando para os menores níveis em anos, resultado de aperto fiscal e recalibragem monetária. A desinflação ainda é frágil e desigual, mas existe; analistas internacionais registraram leituras mensais ao redor de 1,5%–2% no meio do ano. É esse sinal concreto que Fraga usa para cobrar seriedade do Brasil.

Para ele, ignorar a aritmética fiscal é insistir em um voo cego: como a Argentina mostrou, quando a âncora fiscal aparece, as expectativas se reorganizam; sem ela, a conta estoura em juros, câmbio e atividade.

A lição de Milei: ajuste fiscal, inflação em queda e custo político

Desde o início do governo Milei, o ajuste ganhou prioridade, com metas de superávit e corte de despesas. O rastro: inflação mensal desabando e um orçamento para 2026 que preserva superávit primário e ganhos reais em áreas sociais — um mix de disciplina e recomposição seletiva. É impopular? Sim. Funciona? Os números sugerem que sim, desde que a trajetória fiscal seja mantida.

Ainda assim, o quadro é volátil. Choques políticos, tensões cambiais e escândalos pressionam o plano — a estabilização não é linear. Mesmo com intervenções pontuais no câmbio e ruído eleitoral, a bússola segue apontando para equilíbrio fiscal e desinflação como eixo da estratégia. Moral da história: há custo de curto prazo e dividendo de médio prazo.

Para o Brasil, o recado é incômodo: insistir em exceções e gambiarras orçamentárias pode desancorar expectativas e prolongar juros altos. A alternativa — diz a experiência argentina descrita por Fraga — é encarar o ajuste com clareza, blindar regras e reduzir ruídos.

O que muda para o investidor brasileiro

Se o Brasil adiar ajustes, o prêmio de risco tende a subir, encurtando o apetite por ativos domésticos sensíveis a juros (small caps, consumo, construção). Se fizer o dever de casa, inflação e juros podem cair de forma mais consistente, abrindo espaço para bancos, utilities e cíclicas performarem melhor. Timing e credibilidade são a chave.

No câmbio, surpresas fiscais negativas costumam apertar o real; já um plano crível tende a atrair fluxo e achatar as curvas. É exatamente esse canal de expectativas que a fala de Fraga aciona: o mercado precifica a política antes que ela chegue aos dados.

Pontos principais

  • Fraga elogia Milei ao destacar queda da inflação mensal na Argentina e chama o Brasil de “brincando com fogo” sem ajuste claro.
  • Lição central: âncora fiscal + política monetária crível → desinflação e queda de prêmios de risco; o processo é custoso, mas efetivo.
  • Para o Brasil, postergar reformas tende a encarecer juros e pressionar o câmbio; credibilidade é o ativo que libera o crescimento.
Fernando Américo
Fernando Américo

Sou amante de tecnologias e entusiasta de criptomoedas. Trabalhei com mineração de Bitcoin e algumas outras altcoins no Paraguai. Atualmente atuo como Desenvolvedor Web CMS com Wordpress e busco me especializar como fullstack com Nodejs e ReactJS, além de seguir estudando e investindo em ativos digitais.

Sou amante de tecnologias e entusiasta de criptomoedas. Trabalhei com mineração de Bitcoin e algumas outras altcoins no Paraguai. Atualmente atuo como Desenvolvedor Web CMS com Wordpress e busco me especializar como fullstack com Nodejs e ReactJS, além de seguir estudando e investindo em ativos digitais.