
- Reforma Tributária cria CBS e IBS, substituindo tributos atuais sobre consumo.
- Serviços podem encarecer, enquanto indústria e comércio tendem a ganhar competitividade.
- Transição até 2033 mantém dois sistemas em paralelo, aumentando dúvidas no curto prazo.
A tão aguardada Reforma Tributária começou a sair do papel e promete mudar a forma como brasileiros pagam impostos. O projeto substitui a confusão de siglas como ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins por dois tributos principais: a CBS (federal) e o IBS (estadual e municipal).
Embora a proposta seja apresentada como uma simplificação, especialistas alertam que a transição até 2033 será marcada por dúvidas, cobranças em duplicidade e impactos diferentes sobre produtos e serviços do dia a dia.
O que muda para o consumidor
Um dos pontos centrais é a transparência. O valor dos impostos será exibido de forma destacada nas notas fiscais, o que pode causar choque em muitos consumidores, ao perceberem que a carga tributária é maior do que imaginavam.
Além disso, a cesta básica deve ter tratamento diferenciado, com isenção ou alíquotas reduzidas. Por outro lado, serviços como educação privada, saúde suplementar e tecnologia tendem a ficar mais caros, com destaque para aplicativos e plataformas de streaming.
Na prática, o bolso do consumidor sentirá efeitos mistos: alguns preços podem cair, mas outros devem subir, sem expectativa de redução na carga tributária total.
Indústria e serviços na balança
A indústria tende a se beneficiar com a simplificação, já que a reforma reduz a cumulatividade de tributos que encarecia a produção. Isso pode aumentar a competitividade e melhorar margens no setor produtivo.
Por outro lado, o setor de serviços, que hoje paga menos impostos na média, tende a ser um dos grandes perdedores. Empresas de educação, saúde e tecnologia já se preparam para enfrentar margens mais apertadas e repassar custos ao consumidor.
Enquanto isso, o comércio pode ganhar fôlego com créditos tributários mais claros, reduzindo litígios e trazendo maior previsibilidade para os empresários.
A transição e os próximos passos
O discurso de simplificação não será sentido de imediato. A transição foi desenhada para durar quase dez anos, período em que os brasileiros conviverão com os dois sistemas em paralelo. Isso pode aumentar a confusão entre contribuintes, contadores e empresas.
Além disso, a primeira fase da reforma foca apenas nos impostos sobre consumo. O governo já sinalizou que a próxima etapa deve mirar a tributação sobre renda e patrimônio, trazendo temas polêmicos como heranças e dividendos.
Portanto, a expectativa é de que a reforma seja longa e cheia de disputas políticas. Mesmo assim, especialistas consideram que o avanço representa um passo importante para um modelo mais racional e transparente.