
- IBGE revisa PIB do 2º tri para 0,3% e eleva o 1º tri para 1,5%.
- Terceiro trimestre cresce 0,1%, abaixo da projeção de 0,2%.
- Dados reforçam desaceleração e reacendem debate sobre ritmo da economia.
O IBGE ajustou os números do PIB brasileiro, revisando para baixo o desempenho do segundo trimestre e elevando o resultado dos primeiros três meses do ano, em uma leitura que reforça a desaceleração recente da economia. A atualização também confirmou um crescimento mais fraco do que o esperado no terceiro trimestre.
Segundo o instituto, a economia avançou 0,3% no segundo trimestre, abaixo dos 0,4% informados anteriormente, ao mesmo tempo em que revisou o primeiro trimestre para +1,5%, acima da estimativa prévia de 1,3%. Já o terceiro trimestre registrou expansão de 0,1%, frustrando a projeção de 0,2% coletada pela Reuters.
Revisões reforçam sinal de perda de fôlego
As revisões do IBGE ajustam a trajetória recente da atividade econômica e mostram que o impulso observado no início do ano foi mais forte do que o inicialmente reportado. Contudo, o avanço menor no segundo trimestre aponta para uma acomodação mais rápida da economia após o pico de crescimento. Além disso, a leitura do terceiro trimestre confirma que a atividade entrou em um ritmo mais moderado.
Embora o resultado do 2º trimestre tenha sido revisado para baixo, ele ainda indica resiliência em alguns setores, especialmente na produção de bens e serviços essenciais. No entanto, a combinação entre juros elevados e perda de tração no consumo começa a aparecer com mais clareza nos indicadores mais recentes. Assim, economistas veem os dados como um alerta para o último trimestre do ano.
A expectativa agora recai sobre o impacto dessas revisões nas projeções de crescimento anual, já que a soma de ajustes para cima e para baixo deve alterar os cálculos do carry-over, o quanto o ano já garante de expansão. Ainda assim, a leitura mais fraca do terceiro trimestre tende a puxar para baixo a média das estimativas.
Mercado reage a dados de desaceleração
Para analistas, o desempenho de 0,1% no terceiro trimestre traz um componente de preocupação, já que representa a continuidade de uma tendência de arrefecimento mais clara. A frustração em relação às expectativas reforça a percepção de que a economia está operando perto do limite de capacidade em vários segmentos. Com isso, parte do mercado já avalia revisões pontuais nas projeções para 2024 e 2025.
O ambiente fiscal também segue no radar. Apesar de não ter relação direta com o PIB, a combinação entre atividade mais fraca e metas fiscais mais rígidas tende a aumentar a pressão sobre o governo. Assim, o desempenho do quarto trimestre ganhará peso adicional nas análises que envolvem arrecadação e equilíbrio das contas públicas.
Mesmo com as revisões, os dados do início do ano sustentam uma base um pouco mais robusta, o que deve impedir cortes abruptos nas projeções para o PIB anual. Ainda assim, as próximas divulgações do IBGE serão cruciais para calibrar o diagnóstico sobre o ritmo da economia.
Indicadores dividem economistas
Apesar de a leitura do terceiro trimestre mostrar desaceleração, parte dos analistas argumenta que a tendência não configura necessariamente um cenário de retração. Eles observam que a economia ainda se apoia em alguns setores fortes, como o agronegócio e os serviços, que continuam mostrando resiliência. Além disso, a retomada gradual do mercado de trabalho pode contribuir para melhorar a renda disponível das famílias.
Por outro lado, a combinação de crédito caro e incerteza fiscal segue atuando como freio para investimentos. Essa dinâmica, segundo especialistas, deve manter o PIB em trajetória moderada até que os primeiros efeitos de flexibilizações monetárias se tornem mais evidentes. Com isso, o debate sobre cortes adicionais de juros deve ganhar força no início de 2026.
No balanço geral, as revisões do IBGE ajudam a dar mais clareza sobre o comportamento da economia ao longo do ano e evidenciam que o momento atual exige monitoramento cuidadoso dos próximos indicadores. A leitura completa dos dados permitirá ao mercado ajustar suas expectativas com maior precisão.