Abaixo das projeções

Selic pode não cair tão cedo: IBC-Br sobe menos e decepciona mercado

Indicador do Banco Central cresce 0,4% em agosto, abaixo do esperado, e reforça cautela sobre ritmo da economia.

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  • IBC-Br sobe 0,4% em agosto, abaixo da expectativa de 0,7%.
  • Atividade econômica mostra sinais de desaceleração, após queda em julho.
  • Banco Central deve manter cautela, adiando corte da Selic até 2026.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) subiu 0,4% em agosto na comparação com julho, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (16). O avanço interrompe uma sequência de queda, mas veio abaixo das projeções do mercado, que esperavam alta de 0,7%.

O resultado reforça a leitura de que a economia brasileira cresce de forma desigual, com alguns setores mostrando fôlego, enquanto outros começam a desacelerar. A performance abaixo das estimativas reacende dúvidas sobre o espaço para cortes na taxa Selic ainda neste ano.

Entenda o que é o IBC-Br

O IBC-Br funciona como uma “prévia do PIB”, acompanhando o desempenho mensal da atividade econômica. O índice consolida dados da indústria, comércio, serviços, agropecuária e também considera informações sobre mercado de trabalho e crédito.

Criado pelo Banco Central, o indicador busca medir, em tempo real, a direção da economia antes dos números oficiais do PIB divulgados pelo IBGE. Embora os dois sigam metodologias diferentes, o IBC-Br é visto como um importante termômetro de tendência.

Por ser atualizado mensalmente, ele ajuda analistas e investidores a ajustar projeções e estratégias de investimento diante do cenário econômico de curto prazo.

Atividade avança, mas ritmo preocupa

Apesar da recuperação em agosto, o dado mostra ritmo fraco frente à expectativa. A alta de 0,4% não compensa a queda de 0,5% observada em julho, sugerindo que a economia ainda não retomou força plena após o segundo trimestre.

Os resultados vieram abaixo do consenso de 20 projeções colhidas pelo Valor Data, cujas estimativas variavam entre retração de 0,4% e avanço de 2,4%. Essa dispersão evidencia incertezas quanto à tração da economia no segundo semestre.

Economistas afirmam que o indicador reforça a previsão de crescimento moderado em 2025, com pressões fiscais e juros altos ainda limitando a expansão da demanda.

Efeito sobre a Selic

O desempenho do IBC-Br adiciona cautela ao debate sobre política monetária. Mesmo com inflação em desaceleração, o Banco Central ainda observa sinais de aquecimento do mercado de trabalho e níveis elevados de consumo, o que pode adiar uma nova rodada de cortes da taxa Selic.

Ademais, no mercado financeiro, parte dos analistas esperava que o BC iniciasse reduções graduais dos juros no início de 2026. Agora, com os sinais mistos de atividade, a probabilidade de manutenção da Selic em patamar alto aumentou.

“Os dados indicam que a economia segue resiliente, mas sem força suficiente para justificar cortes imediatos”, avalia um economista ouvido pelo mercado.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.