
- Fed corta juros em 0,25 ponto, para a faixa de 4% a 4,25%, e sinaliza mais dois cortes neste ano.
- Mercados globais reagem com alta de moedas emergentes e commodities, diante da expectativa de mais liquidez.
- Brasil deve atrair mais capital estrangeiro, fortalecendo o real e impulsionando a bolsa, mas cenário segue cercado de riscos políticos e econômicos.
O Federal Reserve (Fed) reduziu os juros americanos em 0,25 ponto percentual, levando a taxa básica para a faixa de 4% a 4,25%, na primeira queda desde dezembro. A decisão, marcada pela influência de Donald Trump e pelo temor de desaceleração no mercado de trabalho, abre caminho para novos cortes neste ano.
O anúncio repercute de imediato em todo o mercado global, pois investidores ajustam posições em dólar, ações e commodities. Enquanto isso, no Brasil, cresce a expectativa de valorização do real, e a bolsa ganha novo fôlego, já que vinha batendo recordes.
Fed sob pressão política e econômica
O corte foi aprovado pela maioria dos diretores indicados por Trump, com apenas o recém-nomeado Stephen Miran defendendo uma redução maior, de 0,5 ponto. A medida foi acompanhada de projeções que indicam mais duas quedas de 0,25 ponto ao longo de 2025.
O Fed justificou que a inflação segue projetada em 3%, acima da meta de 2%, mas os riscos de queda no emprego e no crescimento econômico pesaram mais na decisão. Para o banco central, a desaceleração da criação de vagas e a alta recente do desemprego exigem uma resposta mais rápida.
A instituição, mesmo sob influência política, sinalizou que mantém a atuação guiada por dados. Assim, tenta calibrar a política monetária para evitar a estagflação, inflação persistente combinada a baixo crescimento.
Reação dos mercados globais
No mercado internacional, a reação foi imediata. O dólar recuou frente a moedas fortes e emergentes, já que a redução dos juros americanos reduz a atratividade da renda fixa nos EUA. Esse movimento tende a beneficiar ativos de risco, como ações e commodities.
O petróleo, que vinha em trajetória de alta moderada, encontrou espaço para valorização extra, apoiado na perspectiva de uma economia global menos pressionada por juros altos. Já o ouro, tradicional porto seguro, oscilou com investidores ajustando apostas entre proteção e apetite por risco.
Na Europa e na Ásia, os índices futuros reagiram positivamente, refletindo a percepção de que o Fed pode estar entrando em um novo ciclo de flexibilização monetária que favorece a liquidez global.
Impacto direto no Brasil
Para o mercado brasileiro, a decisão do Fed tem peso duplo. De um lado, o real tende a se fortalecer com o aumento do fluxo de capitais externos, já que a taxa Selic permanece em 15%, atraindo investidores em busca de diferencial de juros (carry trade).
De outro, a bolsa brasileira deve ganhar impulso, sobretudo em setores mais sensíveis à entrada de capital estrangeiro, como commodities, bancos e varejo. O Ibovespa, que já superou os 144 mil pontos, encontra espaço para testar novas máximas.
No entanto, o cenário também traz riscos: caso os cortes nos EUA avancem em meio a turbulências políticas de Trump, o fluxo pode se tornar mais volátil, afetando a estabilidade do câmbio e das ações brasileiras.