
- Tarifaço: mercado está mais otimista que os banqueiros centrais sobre o cenário
- Impactos das tarifas dos EUA foram menores que o esperado
- IA tende a aliviar pressões inflacionárias por ganho de produtividade
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que os impactos das tarifas impostas pelos Estados Unidos não se materializaram como o mercado previa, mesmo com o temor de um choque inflacionário global. Embora ainda haja discussão sobre defasagem nos efeitos, ele destacou que, até agora, o cenário considerado mais provável pelos analistas não ocorreu.
Além disso, Galípolo ressaltou que o tarifaço parece ter provocado apenas mudança de nível de preço, e não um processo inflacionário contínuo. Segundo ele, a visão dominante é que a economia global segue ancorada, o que reduz preocupações de médio prazo.
Inflação sob nova lógica
Apesar das incertezas, Galípolo indicou que o debate atual sobre inflação evoluiu, especialmente diante do avanço da inteligência artificial.
Ele afirmou que o ganho de produtividade associado à tecnologia tende a permitir um mercado de trabalho mais solto, o que, consequentemente, poderia reduzir pressões inflacionárias nos próximos anos.

Mesmo assim, ele ponderou que os banqueiros centrais seguem mais cautelosos que os investidores internacionais, já que ainda não há consenso sobre a velocidade desse impacto.
Para o presidente do BC, a discussão sobre como a IA remodela preços e produtividade é central nas projeções.
Visão dos investidores estrangeiros
Durante o XP Fórum Político & Macro, o presidente do BC destacou que investidores globais demonstram confiança crescente no papel da tecnologia na contenção inflacionária.
Ainda assim, ele reforçou que há divergências entre a visão otimista do mercado e a análise conservadora das autoridades monetárias.
Galípolo explicou que parte dessa discrepância está ligada à assimetria de informações sobre a adoção da IA em países emergentes, onde o ritmo de transformação é mais lento.
Por isso, enquanto fundos internacionais enxergam ganhos de eficiência rápidos, os formuladores de política monetária preferem observar dados concretos antes de alterar projeções.
Pressão global e divergências
O presidente do BC destacou ainda que a economia global vive um momento de transição estrutural, no qual choques externos têm produzido efeitos menores do que no passado.
Embora o tarifaço dos EUA tenha elevado o risco de novas distorções, Galípolo afirmou que a reação dos preços foi “muito mais contida do que se imaginava”.
No entanto, ele alertou que o cenário pode mudar caso eventos climáticos, geopolíticos ou tecnológicos alterem a dinâmica recente.
Apesar do ambiente relativamente benigno, Galípolo repetiu que a postura do BC seguirá prudente para evitar desancoragens prematuras.