
- EUA anunciam US$ 40 bi em ajuda à Argentina de Javier Milei.
- Mercado reage bem, mas juros de curto prazo disparam.
- Analistas ainda veem incertezas sobre o componente político da ajuda.
Os títulos da dívida argentina dispararam nesta quarta-feira (15) depois que o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, confirmou um pacote de US$ 40 bilhões de apoio ao governo Javier Milei. O valor dobra a estimativa anterior e reforça a presença americana na recuperação econômica do país.
O plano, segundo o portal Semafor, combina US$ 20 bilhões em crédito privado e US$ 20 bilhões em swap cambial. O anúncio trouxe alívio imediato aos investidores, mas ainda há cautela por causa do cenário político e da inflação alta.
Mercado reage com ganhos e juros em disparada
Com o anúncio, os títulos de 2035 subiram quase 2 centavos, negociados acima de US$ 0,59, enquanto o peso argentino valorizou 0,4%. A notícia reduziu a pressão sobre o câmbio, porém não conteve a disparada dos juros.
A taxa overnight de recompra (caución) saltou de 115% para 170%, marcando novo recorde. Para Federico Filippini, do AdCap Financial Group, o salto encarece o crédito comercial e o consumo. Isso, por consequência, pressiona os índices de inadimplência e enfraquece a atividade econômica.
Mesmo com o alívio momentâneo, os riscos permanecem. Analistas lembram que a volatilidade argentina ainda reflete incertezas fiscais e dependência de capital estrangeiro.
Trump gera incerteza e Milei tenta acalmar o mercado
As tensões políticas aumentaram após Donald Trump sugerir que a ajuda americana poderia depender do desempenho eleitoral do partido de Milei. Os comentários provocaram instabilidade nos mercados e derrubaram os ativos argentinos na véspera.
Para conter o impacto, Bessent reafirmou o compromisso dos EUA e buscou restaurar a confiança dos investidores. Em entrevista à CNBC, Milei garantiu que o apoio americano está mantido até 2027. Segundo ele, o pacote ajudará a Argentina a honrar suas dívidas e fortalecer o peso.
Ainda assim, parte dos analistas segue cética. O estrategista Matias Montes, da EMFI, diz que “as dúvidas sobre a condicionalidade política ainda persistem, mesmo com as compras de pesos pelos EUA”.