Comércio global

Trump prestes a disparar tarifaço histórico: veja o que ainda pode mudar até 1º de agosto

Decisões sobre tarifa universal, remédios e Brasil seguem indefinidas; economia global pode sentir os efeitos.

porto e exportações
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  • Trump precisa decidir sobre tarifa universal de 15% que afetaria US$ 2,9 trilhões em importações
  • Medidas sobre medicamentos podem elevar preços e agravar escassez nos EUA
  • O Brasil ainda não fechou um acordo e teme a tarifa de 50%, enquanto os EUA já pouparam o Japão

Faltando menos de uma semana para o início do novo pacote de tarifas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda não bateu o martelo sobre pontos centrais da sua política comercial. As decisões devem ser anunciadas até 1º de agosto e podem impactar diretamente a economia global — incluindo o Brasil.

No centro do impasse estão três frentes: a tarifa universal, a possível taxação de medicamentos importados e a definição sobre quais países sofrerão retaliação tarifária, inclusive o Brasil, que até agora continua isolado.

Tarifa universal pode subir de 10% para 15%

Uma das medidas mais esperadas envolve a tarifa mínima que seria aplicada a praticamente todos os bens importados pelos EUA. Desde abril, Trump mantém em vigor uma tarifa universal de 10%, mas em declarações recentes sugeriu que o novo patamar deve ser de 15%.

Analistas acreditam que esse será o novo piso, já que os acordos fechados com Japão, Vietnã, Indonésia e Filipinas estabelecem tarifas nesse nível. O Financial Times informou que a União Europeia está próxima de um entendimento nos mesmos moldes, reforçando essa tendência.

Caso a tarifa de 15% se torne realidade, os efeitos seriam massivos. Segundo o gestor Peter Boockvar, isso representaria US$ 435 bilhões em impostos por ano, afetando diretamente consumidores e empresas. O custo adicional por família americana pode ultrapassar US$ 2.400 anuais.

Tarifa sobre medicamentos ainda gera incerteza

Trump também prometeu aplicar tarifas pesadas sobre medicamentos fabricados fora dos Estados Unidos, com alíquotas que poderiam chegar a 200%. A medida, segundo a Casa Branca, busca reduzir a dependência externa e estimular a produção doméstica.

Porém, a proposta ainda não foi detalhada. Trump mencionou que as tarifas podem não entrar em vigor de imediato, para dar tempo às empresas de se adaptarem. Isso gera dúvidas sobre o escopo da taxação, os tipos de medicamentos afetados e o calendário de implementação.

Especialistas alertam para os riscos. Organizações de saúde, farmacêuticas e analistas da cadeia de suprimentos indicam que os preços dos remédios subirão e que a escassez pode se agravar, especialmente para tratamentos importados da Índia e da China. Além disso, qualquer tentativa de nacionalizar a produção levaria anos para surtir efeito.

Brasil segue ameaçado, mas pode escapar

O Brasil continua na lista dos países mais vulneráveis às tarifas de Trump. O presidente americano já citou o país em contexto negativo e indicou que a alíquota de 50% sobre produtos brasileiros segue sobre a mesa, como resposta a acusações contra Jair Bolsonaro.

Apesar disso, o governo americano tem demonstrado alguma cautela. Acordos recentes com outras nações sugerem que Washington está disposta a recuar em parte das ameaças, especialmente se houver sinalização de contrapartidas comerciais ou estratégicas.

Internamente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que ainda é possível um acordo antes do dia 1º, mas não detalhou avanços. A falta de diálogo direto entre Brasília e Washington aumenta a pressão sobre o setor produtivo e o câmbio, que já reage negativamente.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.