
- UBS vendeu ações da Prio para diminuir exposição a dívidas de Nelson Tanure.
- A operação ocorreu após a incorporação do Credit Suisse e reflete gestão de risco.
- Tanure enfrenta crises em empresas como Emae, Ambipar e Light, aumentando a pressão de credores.
O UBS Brasil surpreendeu o mercado ao vender uma fatia relevante de ações da Prio (PRIO3). A operação teve como objetivo reduzir a exposição do banco aos créditos concedidos ao empresário Nelson Tanure, que usava os papéis como garantia. A transação decorre da incorporação do Credit Suisse, feita pelo UBS em 2023.
A movimentação chamou atenção por ocorrer em meio ao aumento dos riscos financeiros nas empresas ligadas a Tanure. Fontes do mercado afirmam que a decisão do banco faz parte de um plano de mitigação de risco, após a revisão de contratos herdados do Credit Suisse.
UBS corta exposição e envia sinal de alerta
A Prio informou ao mercado que o UBS reduziu sua posição em derivativos lastreados em ações da companhia, movimento realizado na semana passada. Dois dias depois, o banco confirmou manter 6,43% de participação consolidada nesses instrumentos, ainda com liquidação financeira.
Segundo analistas, o UBS ajusta o portfólio para reduzir riscos de crédito. Estima-se que os empréstimos concedidos a Tanure, muitos via gestão de fortunas do Credit Suisse, somavam entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões. Mesmo após a venda, o UBS continua com parte da exposição ativa, mas com risco significativamente menor.
A Prio, avaliada em cerca de R$ 32 bilhões, é uma das histórias de maior sucesso de Tanure. O empresário transformou a antiga HRT em uma produtora de petróleo altamente lucrativa desde 2013. Ainda assim, o movimento do banco sinaliza preocupação com a saúde financeira das companhias do grupo.
Empresas de Tanure enfrentam turbulência
Nos últimos meses, Tanure vem enfrentando perdas importantes no mercado. A mais recente foi a perda de controle da Emae, empresa de energia privatizada em 2023. Nesse sentido, o episódio ocorreu após o vencimento antecipado de debêntures de R$ 520 milhões, emitidas pela XP, e garantidas por ações da Emae e da Ambipar.
A holding Phoenix Água e Energia, controlada por Tanure, deixou de pagar R$ 130 milhões, levando à execução das garantias. Ademais, as ações da Emae acabaram vendidas para a Sabesp, que assumiu o controle da empresa.
Além disso, credores monitoram movimentações cruzadas entre empresas do grupo, como a compra de R$ 250 milhões em títulos da Light, companhia também sob reestruturação. Desse modo, o caso elevou o alerta sobre o nível de alavancagem dos negócios do empresário.
UBS e Prio não comentam; Tanure nega operação
Procurado, Nelson Tanure negou a venda das ações, alegando inconsistência nas informações. O UBS não comentou o caso, e a Prio manteve silêncio até o fechamento desta matéria.
Analistas, porém, enxergam a decisão do banco como parte de uma estratégia global para reduzir riscos herdados da fusão com o Credit Suisse.
“Instituições financeiras costumam revisar clientes de alto risco após uma incorporação. O movimento do UBS é preventivo e técnico”, explicou um gestor.