
- Consórcio cresce 15,1% em 2025 e se consolida como alternativa para fugir dos juros altos da Selic e dos financiamentos.
- Planejamento, pesquisa e estratégia de lance são essenciais para quem busca contemplação rápida e quer evitar frustrações.
- Mesmo com taxas, o consórcio tende a ser mais barato que o financiamento — mas só vale a pena para quem não tem pressa.
Com o juro básico da economia em 15% ao ano, muitos brasileiros estão deixando o financiamento de lado e apostando no consórcio como forma de adquirir um carro novo. Sendo assim, de janeiro a maio de 2025, o número de cotas vendidas nessa modalidade cresceu 15,1%, segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), ultrapassando R$ 56 bilhões em créditos comercializados.
A razão? Quem não tem dinheiro à vista quer evitar os encargos do crédito tradicional. Mas o consórcio exige planejamento, paciência e estratégia. Portanto, para não cair em armadilhas, é preciso entender como essa alternativa funciona e quando realmente vale a pena adotá-la. A seguir, os especialistas listam cinco fatores que exigem avaliação cuidadosa.
O que é consórcio e por que ele pode valer mais a pena
O consórcio é uma compra planejada. Ao contrário do financiamento, o consumidor não recebe o carro de imediato. Ele participa de um grupo e paga parcelas mensais até ser contemplado, o que ocorre por sorteio ou lance. Essa espera pode ser curta ou demorar anos — por isso, a pressa é inimiga do bom negócio.
Sendo assim, se a ideia é fugir dos juros e você não tem urgência, o consórcio pode ser ideal. Cléber Gomes, CEO da Maestria, destaca que essa modalidade exige disciplina financeira. “Quem entende que o consórcio é um plano de médio a longo prazo, e não uma compra imediata, tende a se beneficiar mais”, diz. Além disso, o planejamento para dar lances pode acelerar a contemplação.
Outro ponto importante é que o consórcio permite se programar para ofertar lances mensais, elevando as chances de obter a carta de crédito com mais rapidez. Contar apenas com a sorte, no entanto, não é uma boa estratégia.
Escolha uma administradora confiável e autorizada
Um passo essencial antes de fechar o contrato é verificar se a administradora está autorizada pelo Banco Central. A lista de empresas habilitadas está disponível no site da instituição. Administradoras que prometem contemplação em datas específicas devem ser evitadas.
O motivo é simples: não existe garantia de que a carta de crédito será liberada rapidamente. O prazo máximo está previsto em contrato, mas a contemplação pode demorar. Por isso, é essencial manter os pés no chão e confiar apenas em empresas sérias e reconhecidas no setor.
Muitos golpes acontecem por falta de informação. Com isso em mente, pesquisar a reputação da administradora, checar o CNPJ e ler opiniões de outros clientes nas redes pode evitar grandes dores de cabeça no futuro.
Analise as taxas com cuidado antes de assinar
Embora o consórcio não cobre juros como o financiamento, ele tem custos que não podem ser ignorados. Assim, a taxa de administração é a principal, variando entre 10% e 20% do valor da carta de crédito, diluída ao longo das parcelas.
Ademais, outro custo comum é o fundo de reserva, destinado a cobrir eventuais inadimplências do grupo. Nem todas as administradoras cobram esse fundo, mas quando há, o percentual deve estar bem claro no contrato. Apesar dessas taxas, o consórcio costuma ser mais barato ao final do prazo.
Desse modo, segundo Gomes, o custo total de um consórcio costuma ser menor que o de um financiamento, desde que o consumidor cumpra as obrigações e entenda que está assumindo um compromisso de longo prazo.
Contrato e lance: os segredos para evitar frustrações
Antes de qualquer assinatura, solicite o contrato completo. Leia com atenção cláusulas sobre tempo de duração do grupo, regras de contemplação, possibilidade de reajuste nas parcelas e penalidades por atraso ou desistência. Se houver dúvidas, vale procurar orientação de um consultor financeiro.
Além disso, quem quiser acelerar a contemplação deve se informar sobre o histórico de lances vencedores. É possível também usar o “lance embutido”, uma modalidade que permite oferecer parte do valor da própria carta como lance.
Saber essas informações ajuda a montar uma estratégia e evita falsas expectativas. Afinal, quem entra em um consórcio achando que vai sair com o carro em poucos meses, pode se decepcionar — ou gastar mais que o necessário em lances mal planejados.