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A indústria de fundos teve saídas líquidas de R$ 127,9 bilhões em 2023, de acordo com a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). É o segundo ano consecutivo em que o setor tem mais resgates do que aportes no acumulado do ano. Houve, porém, desaceleração no movimento de saída no segundo semestre, que fechou com saldo negativo de R$ 5,6 bilhões contra um saldo negativo de R$ 122,3 bilhões na primeira metade do ano.
“No primeiro semestre, tínhamos um cenário desafiador que combinava falta de previsibilidade sobre a redução da Selic, inflação resiliente e casos, ainda que pontuais, de crédito privado. O que ficou evidente ao longo do ano é que os investidores passaram a buscar títulos de renda fixa, principalmente os isentos de imposto de renda”, lembra Pedro Rudge, vice-presidente da ANBIMA.
Segundo a Associação, entre dezembro de 2022 e novembro de 2023, os investimentos em títulos de renda fixa sem incidência de imposto sobre o rendimento somaram R$ 283,9 bilhões. O destaque foram as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), com R$ 106,6 bilhões, e as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), com R$ 100,9 bilhões.
“No segundo semestre, vimos os efeitos positivos da política monetária doméstica no desempenho dos ativos, com a desaceleração da inflação. A partir de outubro, também houve uma melhora gradual do cenário externo. A Selic continua em dois dígitos, então os títulos isentos permanecem atraentes, mas agora há maior previsibilidade no mercado e menor aversão ao risco”, pontua Rudge.
Apesar de registrar captação líquida negativa no ano, a indústria de fundos cresceu. O patrimônio líquido avançou 11,5% em 12 meses e chegou a R$ 8,3 trilhões em dezembro, enquanto o número de fundos ultrapassou a marca de 30 mil em 2023. Em relação ao número de contas que investem em fundos, houve crescimento de 6,3% entre janeiro e novembro, chegando a 37,4 milhões. O destaque são os fundos estruturados, que, sozinhos, são responsáveis pelo aumento de 2,2 milhões de contas.
Captação líquida
Os estruturados também se sobressaíram na captação líquida. Os FIPs (Fundos de Investimento em Participações) lideram a lista com saldo positivo de R$ 42,1 bilhões em 2023. Somente em abril, dois novos FIPs foram iniciados e resultaram na entrada líquida de R$ 26,6 bilhões na classe. Já os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) registraram captação líquida de R$ 24,1 bilhões no ano. Outra classe que teve entradas líquidas no período foi a previdência, com R$ 19,3 bilhões.
Por outro lado, os multimercados apresentaram o pior resultado da série histórica e acumularam saídas líquidas de R$ 134,3 bilhões. As carteiras que investem no exterior (tipo multimercados investimento no exterior) foram as mais impactadas e ficaram R$ 49,6 bilhões no vermelho. Houve aceleração dos resgates nos multimercados no último trimestre, em que a classe ficou com saldo negativo de R$ 80,4 bilhões.
Os fundos de renda fixa e os fundos de ações também fecharam o ano no vermelho, com resgates líquidos de R$ 59,8 bilhões e de R$ 17 bilhões respectivamente. Em seguida, aparecem os fundos cambiais, com R$ 1,9 bilhão, e os ETFs (Exchange Traded Funds), com R$ 318,6 milhões.
Rentabilidade
Em relação à rentabilidade dos tipos com os maiores patrimônios líquidos, as carteiras de ações sem compromisso de concentração em uma única estratégia (tipo ações livre) superaram o Ibovespa e avançaram 23,7% em 12 meses. Já as carteiras de títulos de renda fixa de curto prazo e que investem, no mínimo, 80% em títulos públicos federais (tipo renda fixa duração baixa grau de investimento) valorizaram 12,8% no período. No caso dos multimercados, as carteiras que investem no exterior rentabilizaram 9,14% no ano.
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